Carol Brito, da Folha de Pernambuco
O mapa político pernambucano, desenhado nas últimas eleições, atestou a hegemonia de famílias tradicionais no poder. E este retrato traduz um fenômeno histórico, e recorrente, que se perpetua ao longo das gerações. No último dia 1, tomaram posse 61 prefeitos (veja a lista aqui) com sobrenomes influentes ou parentesco com lideranças da política estadual. Um poder que nos próximos quatro anos irá dominar receitas municipais que vão desde os R$ 23.410.625,40 de Brejão, comandada por um herdeiro da família Cadengue (Beto Cadengue), até os R$ 1.162.240.000 de Jaboatão dos Guararapes, sob liderança de um dos rebentos da família Ferreira (Anderson Ferreira).
A ascensão dos representantes desses grupos não é mero acaso. Seu poder é proveniente de uma estrutura que cria raízes nos municípios e se espalha por outras esferas, elegendo seus integrantes no Executivo e Legislativo. Dessa forma, eles criam uma verdadeira rede para manter sua força e influência nos redutos eleitorais. São sobrenomes que se repetem por décadas no comando das mesmas cidades, se espalham por mais de um município, chegam aos parlamentos e são transferidos de pai para filhos, esposas, irmãos, sobrinhos e primos.
Uma prática que vem adquirindo novas formas, mas que está na história política do País desde a queda do Regime Monárquico e a instauração da República, em 1889.