Além da microcefalia, médicos passam a observar outras malformações que possivelmente estão associadas à exposição ao zika na gestação, principalmente se a infecção acontece no período embrionário, que vai da segunda a oitava semana de gravidez. Entre elas, estão deformidades dos membros inferiores e superiores. A partir dessa percepção, um grupo de especialistas passa a ampliar o olhar para as complicações causadas por um vírus que, só no Brasil, deve ter infectado até 1,4 milhão de pessoas. “Não há dúvidas de que a microcefalia é a complicação mais expressiva da infecção pelo zika, mas precisamos expandir a discussão. Por isso, começamos a pensar na denominação de zika congênita”, diz o médico Carlos Brito, integrante do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde.
Ao lado de especialistas de outros Estados, ele tem se debruçado em investigar outras malformações associadas à zika. “Quando se pensa nas outras infecções congênitas, como toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus, a gente sabe que não existe uma só alteração. E por motivos óbvios, não tem sido diferente com o zika”, acredita Carlos Brito. Ele explica que, a partir do momento em que o vírus entra no organismo, ele pode interferir na fase embriogênica, de formação de todos os tecidos do feto. “Isso pode interferir não só no sistema nervoso central, mas também no sistema osteomuscular, na audição e na visão. O risco para essas múltiplas complicações depende do período da gestação em que ocorreu exposição à infecção pelo zika.”
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