A revelação do El País e do The Intercept de conversas de membros da Lava Jato sobre o ministro Gilmar Mendes, do STF, selou a indisposição do Supremo com Deltan Dallagnol. Se o Conselho Nacional do Ministério Público não o afastar, afirmam integrantes da corte até hoje isentos de citações, alguém fará isso pelo órgão. O apoio aos métodos do chefe da força-tarefa de Curitiba é minguante. A segunda parte do inquérito que apura o hackeamento chega ao Supremo nos próximos dias.
Nos novos diálogos, procuradores admitem, entre risos, buscar informações contra o ministro na Suíça. Eles dizem ter “ouvido falar” de uma suposta ligação entre Gilmar e Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, suspeito de ser operador do PSDB, e, a partir daí, traçam medidas que, ao cabo, visavam afastar o ministro do STF.
Ao contrário do que houve nas mensagens reveladas anteriormente, neste caso não há qualquer suspeita formalizada, uma indicação em delação e nem mesmo em uma negociação de colaboração. Os procuradores, Deltan entre eles, chegam a fazer piada com o fato de serem impedidos pela lei de investigar um integrante do STF.
Para membros do Judiciário, esse contexto agrava sobremaneira a situação política de Deltan Dallagnol. Fica claro, analisam, que ele e os colegas sabiam que o que faziam era uma ilegalidade, que tinham ciência de que estavam extrapolando seus limites.