Diário de Pernambuco
Cada vez mais candidato ao Palácio do Planalto em 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já começou a articular, nos bastidores, a postura da sigla nas próximas eleições. Segundo o jornal O Globo, Lula teria orientado os dirigentes nacionais do partido para não lançar candidaturas a governador em todos os estados brasileiros. A ideia, que busca privilegiar alianças para a disputa da presidência da República, seria apenas entrar em pleitos que os petistas fossem favoritos ou tenham chances reais de vitória.
Um dos estados onde a estratégia seria aplicada seria justamente Pernambuco. PT e PSB parecem estar se reaproximando desde que o ex-presidente voltou a ficar elegível politicamente e políticos de ambas as legendas já não descartam reatar os laços. As siglas romperam na eleição para prefeito do Recife, o que culminou no desembarque dos petistas do governo estadual.
“Eu acredito que o PT não teria dificuldade de voltar para a Frente Popular. Quando a gente está na política, a gente tem que pesar em cada momento, o que é mais importante”, afirmou o senador Humberto Costa (PT), em entrevista à Rádio Clube. “Nesse momento temos que ter um presidente da República com outra postura e se isto envolver o debate aqui em Pernambuco com o PSB, eu tenho certeza que o PT estadual não vai se negar a este debate”, completou o político.
A postura do PT seria buscar mais candidaturas a deputado federal, para garantir recursos para as campanhas e tempo de TV. Ao mesmo tempo, o partido acredita que teria mais facilidade em construir alianças para o projeto encabeçado por Lula. Atraindo partidos de esquerda e centro, o PT tentaria construir algo próximo de uma frente ampla para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A estratégia não é novidade para o partido. Em 2018, o PT negociou com o mesmo PSB apoio nos estados de Amazonas, Amapá, Paraíba e Pernambuco, em troca do fim da aliança dos socialistas com o PDT. Com o acordo, a pré-candidatura da deputada federal Marília Arraes (PT) ao governo de Pernambuco, acabou sendo rifada.
Já em 2020, o PT optou por lançar nomes para disputar a prefeitura na maioria das capitais e grandes cidades brasileiras. Entretanto, o tiro saiu pela culatra: pela primeira vez desde a redemocratização, o partido não elegeu prefeitos em nenhuma capital do país.
Para o PSB, a aliança com o PT em Pernambuco seria importante no plano de manter o comando do estado, já que o atual governador, Paulo Câmara (PSB), irá deixar o cargo em 2023. Apesar de não ter definido o nome para um possível sucessor, o ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), aparece como mais cotado. Entretanto, o tom na sigla ainda é de cautela, já que o PSB também mantém conversas com o PDT para um possível apoio à candidatura de Ciro Gomes (PDT) à presidência.
Outro nome importante em toda a articulação é o de Paulo Câmara. O governador de Pernambuco ainda não definiu o futuro político após deixar o Palácio das Princesas e há quem o sugira como possível vice em uma chapa para disputar a presidência. Nesta semana, Lula e Paulo Câmara participaram de reunião virtual com a presença de líderes das duas legendas. Estavam presentes figuras como Gleisi Hoffmann (PT-PR), José Guimarães (PT-CE), Paulo Teixeira (PT-SP) e Luiz Dulci (PT-MG); o presidente do PSB, Carlos Siqueira, o ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB-SP) e Renato Casagrande (PSB-ES).