Lula na convenção: ‘Criador e criatura convivem em paz’…

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Em convenção nacional do PT, neste sábado, na qual a presidente Dilma Rousseff foi aclamada candidata à reeleição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu aos militantes que se informem sobre as conquistas dos 12 anos do PT no governo e que disputem nas ruas os votos. Segundo ele, esta será uma eleição difícil e agressiva, lembrando de sua reeleição em 2006, depois do episódio do mensalão. Dilma, por sua vez, disse que não tem ódio nem rancor de ninguém, apesar da longa comparação que fez entre o governo do PT e os governos anteriores.

– Nós, militantes do PT, precisamos saber que eleição se ganha primeiro com um bom programa e, segundo, mostrando o que a gente fez. A gente tem obrigação de mostrar o que a gente fez em 12 anos e eles em um século – discursou Lula, referindo-se aos partidos que hoje estão na oposição.

Cumpriu o que prometeu

O ex-presidente disse que nos quatro anos de governo Dilma cumpriu o que prometeu em janeiro de 2011, quando ela assumiu a Presidência, e ressaltou que não há divergências entre os dois. Ambos foram recebidos pela militância com os gritos de guerra ‘ole, ole, ole, olá, Lula, Lula’ e ‘ole, ole, ole, olá, Dilma, Dilma’.

– Dilma, a gente vai provar mais uma coisa neste país: que é possível uma presidenta e um ex-presidente terminarem seu mandato sem que haja nenhum atrito entre os dois, numa demonstração de que é plenamente possível o criador e acroática vivem juntos, com harmonia – afirmou.

Lembrando os tempos da ditadura, Dilma afirmou que mesmo quando tentaram destruí-la física e emocionalmente não teve ódio, embora não se dobre a ninguém. Assim como o ex-presidente Lula, a presidente conclamou a militância a sair explicando nas ruas tudo o que sua gestão e a de Lula fizeram nos últimos 11 anos. E fez um chamamento para que a campanha seja uma festa de paz e alto astral.

Não insulto mas não me dobro

– Nunca fiz política com ódio. Mesmo quando tentaram me destruir física e emocionalmente por meio do uso de violência, eu continuei amando o meu país e nunca guardei ódio de ninguém. Quem se deixa vencer pelo ódio faz o jogo do adversário. Não tenho rancor de ninguém, mas também não vou abaixar minha cabeça. Não insulto, mas não me dobro. Não me assusto, não agrido, mas também não fico de joelhos para ninguém. Não perco tempo tendo rancor de meus adversários, isso não traz força nenhuma, nem mérito para ninguém. Tenho muito mais o que fazer. Nossa campanha precisa ser antes de tudo uma festa do alto astral. Abaixo o pessimismo, a mediocridade e o baixo astral. No Brasil as grandes vitórias são construídas com o fermento do otimismo e da alegria – discursou.

Ela voltou a defender a Copa, afirmando que o evento está ocorrendo mesmo contra o mau agouro dos que gosta de chamar de ‘pessimistas’. Ela aproveitou para pedir que as pessoas vistam a camisa verde e amarela e torçam pela seleção.

– Vejam a Copa está dando uma goleada descomunal aos pessimistas que disseram que ela não ocorreria, os que falaram que não ia ter Copa. Por isso, a nossa força está no fato de que sonhamos, que temos sonhos utópicos, heroicos, e sem limites. Vamos amar nosso país, nossa camiseta verde e amarela, vamos torcer pelo nosso time. E não vamos deixar jamais o ódio prosperar em nossas almas. Vamos recolher as pedras que lançam contra nós e vamos transformar essas pedras em tijolos para fazer o Minha Casa Minha Vida – disse, em referência ao programa habitacional de seu governo.

“Nós e eles”

O ex-presidente Lula também elogiou o Mundial e comparou a campanha ao jogo entre a Costa Rica e a Itália, na qual o país centro-americano venceu, contra todas as projeções. Ele acrescentou que Dilma sofrerá novamente nesta campanha preconceito por ser mulher.

– Temos que ter orgulho de ir para a rua e defender essa mulher contra todo e qualquer preconceito, porque na cabecinha deles, mulher nasceu para ser mulher de cama e mesa. Mas para a gente, mulher é agente transformador.

Lula pontuou toda sua fala demarcando a diferença entre ‘nós’, os petistas, e ‘eles’, a oposição.

– Não tenham medo de comparar nada com eles, sei que isso incomoda. Precisamos saber que o que vai ganhar a eleição não é o tempo de TV, nem a qualidade da nossa propaganda na TV, é a adrenalina e a nossa capacidade de mostrar que a gente fez cada vez que for para a rua. Fico imaginando que este país foi governado por engenheiros, doutores, intelectuais, que não vou nem citar o nome, porque vão pensar que estou falando nele (em referência a Fernando Henrique), e governaram para apenas um terço da população – afirmou.  (De O Globo – Catarina Alencastro e Simone Iglesias)