Por CBN/Globo/Karen Lemos — São Paulo – O presidente Lula foi questionado, neste domingo (23), sobre a prisão preventiva de Jair Bolsonaro durante coletiva de imprensa da cúpula do G20, na África do Sul. Apesar de iniciar a resposta dizendo que não comenta decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), ele reforçou que Bolsonaro teve direito à presunção de inocência durante os quase dois anos e meio de investigação e julgamento.
“Então, a Justiça decidiu, está decidido, ele vai cumprir a pena que a Justiça determinou, e todo mundo sabe o que ele fez”, afirmou.
O presidente ainda comentou se a prisão de Bolsonaro poderia afetar a relação do Brasil com os Estados Unidos. Neste sábado (22), o presidente americano Donald Trump disse que era “uma pena” o que aconteceu com o ex-presidente brasileiro.
“Acho que não tem nada a ver. Acho que o Trump tem que saber que nós somos um país soberano, que a nossa Justiça decide e o que decide aqui está definido”, defendeu
Cúpula do G20
Ainda sobre Trump, o presidente comentou a ausência dos Estados Unidos na reunião da cúpula do G20 e amenizou o fato de o presidente americano não ter marcado presença. Para Lula, isso “não significa nada para um fórum internacional”.
Na coletiva, o líder brasileiro anunciou ainda que pretende assinar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia no próximo dia 20 de dezembro. Segundo ele, a assinatura será em um evento em Foz do Iguaçu. A data coincide com a próxima reunião da Cúpula dos Líderes do Mercosul, que será na cidade paranaense no próximo mês.
COP30
Lula também foi questionado sobre a COP30, que terminou neste sábado. Ao comentar o chamado Mapa do Caminho – que propõe o fim da dependência dos combustíveis fósseis no mundo – o presidente admitiu que sabia que o assunto era polêmico até para o Brasil, que produz 5 milhões de barris de petróleo por dia.
“Até porque o petróleo não é só para gasolina e para dióxido, pode ser para o setor petroquímico. Vai continuar tendo a sua importância. Eu sabia que era difícil. Eu nunca imaginei que a Arábia Saudita fosse concordar com isso. E, mesmo se a gente fizesse um debate no Brasil, muita gente seria contra”, analisou.
Mas, para Lula, o importante foi começar o debate sobre uma coisa que, nas palavras dele, todo mundo sabe que vai ter que acontecer.
Prisão de Bolsonaro
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro prepara um pedido de habeas corpus para tentar reverter a prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A petição deve ser apresentada ainda neste domingo (23), após a audiência de custódia marcada para o meio-dia.
Bolsonaro está detido desde a manhã de sábado (22), na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Ele ocupa uma sala de Estado Maior – espaço reservado a autoridades, com cama, banheiro privativo e estrutura diferenciada – enquanto aguarda as próximas decisões da Justiça.
No despacho que determinou a prisão, Moraes apontou risco concreto de fuga e citou a violação da tornozeleira eletrônica. Segundo o ministro, Bolsonaro tentou danificar o equipamento com materiais de solda, o que comprometeu o monitoramento e reforçou os elementos considerados para a detenção.
A defesa classificou a prisão como “perplexa” e deve usar argumentos relacionados à saúde do ex-presidente e à falta de contemporaneidade das acusações para pedir o habeas corpus. O objetivo é reverter a preventiva ou, ao menos, substituí-la por medidas alternativas – possibilidade considerada pouco provável diante das indicações do relator.
Paralelamente, se encerra nesta segunda-feira (24) o prazo de recursos no processo da trama golpista. Com isso, Moraes pode declarar o trânsito em julgado e determinar o início do cumprimento da pena de mais de 27 anos imposta a Bolsonaro, o que abriria caminho para a transferência ao presídio da Papuda. O pedido da defesa para que a pena fosse cumprida em regime domiciliar já foi negado.