LeiaJá – O município de Goiana, na Mata Norte de Pernambuco, agora sedia uma nova fábrica de hemoderivados Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás). A inauguração da unidade aconteceu nesta quinta-feira (14), em uma cerimônia comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com o chefe do Planalto, a ideia de levar a fábrica da Hemobrás para Goiana foi do senador Humberto Costa (PT), que também articulou pela conquista da filial da estatal em solo pernambucano.
“Eu não poderia começar a minha fala hoje sem compartilhar o meu tempo com o companheiro Humberto Costa. A gente certamente não estaria aqui hoje se Humberto não tivesse sido ministro da Saúde. Eu autorizei fazer [a fábrica], mas quem pensou nela foi ele. Quem conversou comigo que Pernambuco tinha condições de fazer uma fábrica foi Humberto”, disse Lula.
No período em que a discussão surgiu, o Instituto Butantan, em São Paulo, além de entidades em Minas Gerais e no Rio de Janeiro também disputavam a implementação da fábrica em seus respectivos estados. A informação foi divulgada pelo próprio Humberto Costa, durante discurso em Goiana. À época, o senador era ministro da Saúde de Lula, no primeiro mandato do presidente.
“Já havia uma grande discussão nacional, todo mundo queria essa fábrica para lá, e nós já dizíamos que Pernambuco não só tinha uma tradição nessa área, tinha grandes técnicos, como tinha a condição e a capacidade de fazer esse investimento”, discursou Humberto.
O senador continuou: “Eu sentei ao lado do presidente [Lula] e disse que tinha uma briga muito grande e que, inclusive, diziam por aí que eu queria trazer a fábrica para cá porque era em Pernambuco. Ele me perguntou: ‘Quem é que está atrás?’ e eu disse Butantan em São Paulo, Minas, Rio. E ele disse que, para esses outros estados, fazer uma fábrica dessas, talvez não fosse algo tão importante, mas para Pernambuco e para o Nordeste, um investimento assim é muito importante. O resultado está aí”, concluiu o parlamentar.
“Decisão política”
Lula afirmou, ainda, que cabe ao Governo Federal realizar escolhas estratégicas para áreas historicamente desfavorecidas pelas políticas públicas federais. No caso da criação da fábrica da Hemobrás em Goiana, a escolha foi, sim, “política” – nas palavras do presidente.
“Trazer a Hemobrás para cá foi uma decisão política. Assim como foi uma decisão política trazer a indústria automobilística, os institutos federais, a Universidade do Vale do São Francisco atendendo Petrolina e Juazeiro, recupera a Transnordestina. É assim que nós temos que governar. Se alguém não gosta, paciência”, discursou o petista.
O chefe do Executivo dedicou uma longa parte de seu discurso ao tema da desigualdade regional e destacou o papel do Planalto em mitigar essas diferenças. Ele defendeu, ainda, a interiorização dos serviços e da força do trabalho, além da importância do programa Mais Médicos, recentemente alvo da crise diplomática provocada por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.
“Quando nós criamos o Mais Médicos, qual era a bronca com os médicos? É que tem uma parte elitista desse país que acha que não falta médico. Os prefeitos sabem que faltam médicos. Mesmo para levar para as periferias mais violentas é difícil ter médicos que queiram ir. Tem prefeito que não pode nem pagar um salário de médico porque ninguém quer ficar confinado numa cidade do interior. É preciso que a gente tenha noção da parte do Brasil que não precisa e da parte que precisa. É o governo que tem que tomar a decisão: eu levo ou não levo?””, avaliou.
“Se a gente não traz para cá, a gente não vai desenvolver a região Nordeste e eu quero que o Nordeste seja como as outras regiões, os outros estados. Não quero tirar nada dos outros estados, só quero que a gente seja igual”, finalizou o presidente.