Julho verde: especialista alerta para o câncer de cabeça e pescoço

Por Gabriela Castello Buarque/Folha de Pernambuco – Durante o mês de julho, a campanha Julho Verde reforça um alerta: o câncer de cabeça e pescoço é o quinto mais incidente no Brasil, em ambos os gêneros, causando cerca de 10 mil mortes ao ano. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os dados referentes ao diagnóstico são alarmantes. Em média, 76% dos casos só são diagnosticados em estágio avançado, o que dificulta o tratamento e eleva a taxa de mortalidade. 

Atenção
A cirurgiã de cabeça e pescoço Alana Sarmento, do Hospital Jayme da Fonte, explica que o câncer de cabeça e pescoço engloba tumores que acometem a cavidade oral, faringe, laringe, cavidade nasal, além da glândula tireoide e o maior órgão do corpo humano, a pele, com lesões mais conhecidas como melanoma. 

“Eles podem surgir na pele do rosto e pescoço, região do colo, cavidade oral, língua, faringe, laringe, tireóide e nas glândulas salivares. É preciso estar atento a feridas que não cicatrizam, lesões que sangram ou incomodam por mais de 15 dias, como uma afta, e não melhoram com sintomáticos, além de rouquidão progressiva e persistente”, destaca.
Entre os principais fatores de risco estão a exposição solar sem proteção (nos casos de câncer de pele), o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, sobretudo combinados, que aumentam significativamente o risco de tumores na boca, faringe e laringe.

“Nos casos de tumores na cavidade oral no geral, é preciso ter atenção também para o vírus HPV, que pode causar um fator de risco e aumento das chances de desenvolver lesões nesta região”, alerta a médica.

Alana ressalta que o ideal é procurar atendimento médico ao perceber qualquer alteração suspeita. Uma vez que, quando detectada precocemente, a doença pode ter altas taxas de cura.

Diagnóstico
“Quanto antes você procurar atendimento médico, mais rápido a gente pode dar a atenção necessária para essa lesão”, afirma. A cirurgiã explica ainda que, além do exame físico, exames de imagem como ultrassom, tomografia, ressonância e videolaringoscopia, que pode ser realizada em consultório, podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico.
O tratamento depende da localização e do estágio da doença. Lesões de pele, por exemplo, geralmente são tratadas com ressecção cirúrgica, muitas vezes com potencial curativo. Já os tumores em regiões como boca, garganta, tireoide ou parótida podem necessitar de cirurgia associada à radioterapia ou quimioterapia. Outro ponto importante é, em alguns casos, o acompanhamento multidisciplinar. 
“Principalmente nos casos de lesões de boca, é muito importante que a gente tenha essa associação do tratamento com fono, nutrição, fisioterapia, entre outras especialidades médicas, para auxiliar bastante no acompanhamento desse paciente”, conclui a cirurgiã.