A torcida brasileira passará a semana rosnando: “Juiz ladrão.” E não há, de fato, desculpa que redima o juiz mexicano Cesar Ramos, nenhuma atenuante que o absolva. Não ver com os próprios olhos, vá lá. Mas o desprezo pelo terceiro olho leva a arquibancada a se perguntar: Qual é, afinal, a serventia do tal árbitro de vídeo?
Beleza. Contudo, a segunda interrogação da partida é mais exasperante do que a primeira: por que diabos o Brasil pisou no freio depois dos 30 minutos iniciais? Incompreensível. Escorada no golaço de Felipe Coutinho, a seleção cedeu espaço ao adversário, permitindo que se esfarelasse, à vista de todos, seu denso favoritismo.
Um time mais compenetrado teria assegurado a vitória a despeito do gol irregular da Suíça e do pênalti que o apitador se absteve de conceder ao Brasil. Sobreveio o deprimente empate. Pode-se dizer que houve um par de chances de gol. Também é lícito alegar que Neymar foi caçado em campo. Mas o que conta é o chocho 1 X 1.
Nesse contexto, o juiz ladrão apenas valorizou o fiasco da estreia brasileira na Copa. Deve-se agradecer ao larápio. Ele deu uma dimensão nova à celebrada seleção de Tite. Ficou entendido que a chuteira nem sempre é o melhor revestimento para pés tão cultuados. A sandália da humildade por vezes assenta o pé no solo com mais firmeza.
Foi bom que o Brasil tivesse sido assaltado no jogo inaugural. Um time que não consegue exibir atuação regular diante de um adversário cuja habilidade mais exaltada é a retranca precisa ser sacudido.
O juiz portou-se como um gatuno. Mas o Brasil exibiu-se na maior parte do jogo como um gatinho. E uma seleção que mia diante de um adversário tão inferior tecnicamente, não merece avaliações condescendentes. O Brasil chegou à Copa com aparência de leão. Ou faz jus à juba ou ela será passada na máquina zero.