É grave a crise. Mas os jornais e revistas não vão acabar. Estará sempre reservado à imprensa escrita um lugar entre os meios de comunicação, mas o fato concreto é que a investida da internet está sendo devastadora. Todas as grandes empresas da imprensa escrita estão em dificuldades. Os editores ficam perplexos, porque o faturamento cai, as vendas diminuem, as sucursais são fechadas, o desemprego de jornalistas e técnicos de apoio é progressivo, ninguém sabe como escapar da crise, e então surgem as soluções milagrosas, que mais parecem ideia de jerico.
CORTANDO CUSTOS – Em todos os grandes jornais e revistas, a realidade é a busca de otimização e corte de cortes. E como não se consegue nada em matéria de otimização, o remédio é cortar custos. É isso que está acontecendo.
Recentemente, um amigo perguntou a João Roberto Marinho sobre a crise em O Globo. E ele respondeu: “Esqueça O Globo, hoje nós só raciocinamos em termos de Infoglobo”. Se assim é, deveriam cuidar melhor o site do jornal. Entre todos os concorrentes da imprensa escrita, o site de O Globo é mais lerdo, chega a ser enervante, sem comparação com os demais. O motivo é patético. O site é pesadíssimo porque carrega dentro dele toda a programação da TV Globo e dos canais Globosat. E qual é o objetivo dessa estratégia? Não sei. Mas deve ser para as pessoas assistirem TV no computador. Então, é melhor deixar isso para um site da Globo e acelerar o acesso ao site do jornal.
NOTÍCIAS VELHAS – Os outros portais também deixam a desejar, O Estadão tinha o melhor deles. Fez uma reforma, o site ficou pior e não tem atualização. As matérias permanecessem por dias na primeira página, completamente superadas, às vezes têm chamadas repetidas, isso também acontece no Globo. Na terça-feira passada, dia 28, por exemplo, uma das matérias principais anunciava que o ministro Padilha ia ser operado, mas isso já tinha acontecido no dia anterior.
A Folha também reformou seu portal há alguns meses e ficou pior. Tem coisas inexplicáveis. Há meses, a primeira página da cobertura política “Poder” mantém uma chamada curiosa : “Conheça todos os ministros desde a redemocratização”. Mas a quem isso interessa?
O mais intrigante é que os jornais estão criando estações internas de TV, que fazem um jornalismo mambembe e sem importância. Melhor fariam se investissem na atividade-fim, aprimorando suas edições com uma cobertura de alto nível, que obrigue o jornal a ser lido não apenas por quem pretende se informar, mas também por quem deseja entender o que está havendo (até porque a informação original já foi dada pela TV, pelo rádio e pela internet, praticamente em tempo real, retransmitida pela internet, e já não basta ao jornal apenas repeti-la no dia seguinte, como se ninguém soubesse, conforme era a prática antigamente).