“Nós somos um só Brasil. Um povo único, uma única Nação e que, embora ainda apreensivo, estou confiante de que, neste novo ano que se inicia, pouco a pouco, todos os brasileiros estarão novamente juntos na construção de uma sociedade mais tolerante e propositiva, em nome de nossa história de convivência fraterna, do nosso próprio futuro e do futuro do nosso país.
E por que faço essa reflexão já no início desta mensagem que, a cada primeiro dia do ano, dirijo ao povo pernambucano? Porque temos, hoje, uma Nação dividida, marcada por atos de intolerância, incompreensão, longe dos conceitos de “um país cordial”, como o Brasil foi sociologicamente rotulado por tantos anos. Precisamos de paz. Precisamos de harmonia interna para enfrentar os muitos problemas que ainda reverberam – cujas soluções demandam tempo, planejamento, persistência e coragem para mudar.
O presidente da República estreou no Poder Executivo com uma política econômica liberal, pregada e executada pelo ministro Paulo Guedes, discípulo fiel da chamada “Escola de Chicago”. Alguns avanços foram registrados em pontos onde administrações anteriores recuaram. Entre os exemplos, está a aprovação da Reforma da Previdência, representando a sobrevivência de um sistema que, durante anos, foi marcado por graves desequilíbrios financeiros. A continuar como estava, em pouco tempo, os cofres públicos não teriam mais como cobrir déficits astronômicos, que só tendiam a crescer. E deve ser lembrado, sempre, que nenhum Governo “fabrica” dinheiro; todos administram com os impostos que recolhem de cada cidadão. É necessário reconhecer que alguns ministérios não estão atingindo o nível desejado e necessário para o potencial do nosso país.
Por outro lado, podemos comemorar uma inflação baixa, sobretudo para quem viveu os níveis astronômicos do passado. Os juros estão baixos, como nunca contabilizado antes. Temos pela frente grandes desafios. Importantes reformas para auxiliar no desenvolvimento do País ainda estão pendentes. Entre elas, cito a política, a tributária e a igualmente relevante – a administrativa. Concessões e privatizações devem estar entre as prioridades, até mesmo porque o tamanho atual da máquina pública pesa no bolso de todos nós brasileiros.
O Brasil segue e ainda precisa responder o que fazer para criar 13 milhões de empregos. Deve também respostas para corrigir o atraso da nossa política educacional que apresenta grandes deficiências. E o que é possível fazer para melhorar as políticas de saúde pública, que condenam ao abandono muitos milhões dos brasileiros, principalmente aqueles que ainda sobrevivem nos grotões mais profundos do país, com duas mãos vazias e nenhuma esperança nas suas curtas vidas? Onde se colocam as lideranças empresariais, que assistiram quase passivamente o desmonte de tantas empresas e o fechamento de plantas industriais? Não é justo desencavar os desacertos do passado, a não ser como exemplo para correção de rumos. Precisamos pensar no futuro – porque o futuro é agora…
Antigas profissões foram tragadas pelo avanço da tecnologia. Sou um empresário do setor de Comunicação, Imobiliário, e de Shopping Center, com presença em quatro Estados do Nordeste. Vejo a cada dia a velocidade com que esse mundo digital se movimenta. Mais de uma vez eu já deixei claro, nestas mensagens que escrevo a esse bravo povo pernambucano, que Deus me privou do sentimento negativista. Mesmo porque quanto mais escura é a noite, mais reluz a candeia da esperança. Na minha já longa vida de empresário, de presidente de uma associação cujas atividades respondiam por parte considerável do PIB nacional, testemunhei crises dos mais variados tamanhos e feitios. E o Brasil sobreviveu a todas elas. Não há, portanto, razão alguma para deixarmos de acreditar no futuro de nosso País, valorizando o trabalho, a liberdade de expressão, a imprensa responsável e independente, o direito da livre escolha, o respeito ao contraditório. Foi assim que se firmaram as democracias mais sólidas, os países mais desenvolvidos, as sociedades com as mais altas qualidades de vida.
Sejamos, pois, esperançosos, porque como disse Fernando Pessoa, o grande poeta português, “a esperança é um dever do sentimento”. E eu sigo sendo um otimista-realista. Sem desistir do meu País, acreditando no potencial do Nordeste, do Estado que adotei como meu, e sempre atento às mudanças e inovações necessárias a todos nós.”
João Carlos Paes Mendonça é presidente do Grupo JCPM e do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação.