O final de fevereiro de 2019 entrou para a história do município como o marco de desativação do lixão de João Alfredo, que ocupava área da localidade do Borba, próxima ao Bairro Asa Branca, desta cidade. No local, desde 1998, toneladas de resíduos vinham sendo depositadas a céu aberto. gerando impactos ambientais e prejudiciais à saúde dos moradores da vizinhança.
O problema aumentava, quando ateavam fogo nos resíduos e a fumaça provocava sérios danos à saúde da população vizinha ao local. Várias denúncias a órgãos estaduais contra este lixão resultaram em reportagens de rádio e televisão, expondo esta situação, tornando-se verdadeira ferida à “Cidade Feliz”.
“Com trabalho, esforço e articulações conseguimos realizar a desativação do lixão de João Alfredo. Apesar das exigências dos órgãos fiscalizadores, muitas vezes a realidade dos municípios é bem distante do que está sendo cobrado no papel. Os amigos prefeitos e secretários entendem bem dos nossos desafios. Mas, apesar das adversidades, chegamos lá. Passo aqui para pedir a colaboração de todos no atendimento ao calendário de coleta de lixo na cidade. Cada um fazendo a sua parte, João Alfredo ganha em todos os aspectos, pois, juntos construímos mais. Obrigada pela confiança, João Alfredo”. Foi assim que falou a prefeita Maria Sebastiana, ao comemorar o fim do lixão desta cidade.
A prefeita frisa que o próximo passo será a organização dos catadores através uma cooperativa, gerando, por certo, emprego e renda para muitas famílias. A cooperativa de reciclagem ajuda a gerar empregos e colabora para a valorização do trabalho dos próprios catadores. Uma cooperativa também realiza cursos de capacitação profissional, promove oficinas de artesanato com parte do material recolhido e é constantemente chamada para trabalhar em eventos.
Também é importante a constante campanha junto à população no tocante à reciclagem do lixo. A reciclagem auxilia no processo de preservação ambiental, ao passo que diminui o uso de recursos naturais para a fabricação de embalagens.
Desativação
Na realidade, segundo o agrônomo e secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente Severino Souza, o processo de desativação do lixão da Asa Branca foi iniciado no mês de dezembro do ano passado, sendo os resíduos sólidos em parte reciclados nesta cidade e parte encaminhada a um aterro sanitário situado em Caruaru.
Os resíduos que ficaram no lixão agora desativado foram cobertos com terra para facilitar a decomposição. “Será um processo longo e custoso, mas acreditamos na recuperação da área. O lixão é considerado uma irregularidade pela Lei de Crimes Ambientais e pela Política Nacional do Meio Ambiente. Com a desativação do lixão, João Alfredo passa a ser a única cidade da região que dá o destino correto aos resíduos sólidos e atende às exigências da Política Nacional do Meio Ambiente. Que sirva de modelo e exemplo para as cidades vizinhas”, frisou Severino Souza.
Vale também destacar o grande empenho da Secretaria de Obras e Serviços Públicos, que atua diretamente no serviço de limpeza pública e coleta dos resíduos, para que este projeto se tornasse em realidade. “A população não podia mais conviver com aquele lixão a céu aberto, prejudicando a saúde e os catadores arriscando suas vidas. Agora, com a triagem do lixo seco, somente os rejeitos serão encaminhados para o aterro sanitário em Caruaru. Após a triagem, com a comercialização de materiais, o lixo aos poucos deve deixar de ser um problema para o município”, explicou o secretário Severino Moacyr.
O secretário municipal de Administração Josevaldo Santana enfoca que a reciclagem agora é uma grande solução e ela começa dentro de casa, com a separação do lixo. Em João Alfredo a prefeitura municipal passa a desenvolver projetos promovendo o reconhecimento do catador de materiais para a reciclagem, como um profissional. Não como um indivíduo que separa o lixo, e sim como aquele que desenvolve o seu trabalho em prol da sociedade, assumindo a função de um educador ambiental, e demonstrando sua responsabilidade social, ambiental e econômica.
Lixo e reciclagem
O problema do lixo envolve questões de saúde pública, saneamento e também vários problemas sociais, pois, quando os resíduos sólidos não são tratados de forma adequada, pode ocorrer a contaminação do solo e da água além de propiciar a proliferação de doenças através de vários vetores. Dessa forma, a questão do lixo envolve aspectos sanitários, ambientais e de saúde pública. Essa situação tem sido agravada com a presença constante de catadores em lixões, e que com muita frequência tem sido desconsiderados ou relegados a um segundo plano pelos administradores públicos e privados.
Usina de Reciclagem e Compostagem do Lixo Urbano, criada em 1990 e depois desativada
Em João Alfredo, no início da década de 1990, no segundo governo do ex-prefeito Sebastião Mendes, a municipalidade em parceria com o governo do estado criou uma usina de reciclagem e compostagem do lixo urbano, ao lado do campo de futebol da Asa Branca, uma comunidade que na época estava em formação. Na gestão seguinte, a usina foi desativada e o lixo passou a ser depositado no próprio campo de futebol até o final de 1996, quando o depósito foi transferido para Tamanduá de Geminiano, praticamente na entrada da cidade. Adiante, em 1998 o lixão foi novamente relocado para a povoação do Borba até a sua recente desativação.
A preocupação da gestão municipal de João Alfredo, além da conscientização da população também é com a ponta desta cadeia: os catadores de material reciclável. O crescimento do desemprego juntamente com as modificações no mercado de trabalho e na própria organização econômica no Brasil e no mundo está desencadeando um forte processo de expansão de novas formas de organização do trabalho e da produção.
É muito importante que a implantação da cooperativa seja concretizada, já que, com a formalização do trabalho, haverá mais dignidade, além de maiores lucros para os catadores. Haverá uma redução dos custos de limpeza urbana, servindo de exemplo para outras localidades. (Fotos: arquivo e PMJA)