Apesar de assumir durante as eleições e no Senado uma postura contrária à presidente Dilma Rousseff (PT), o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) subiu à tribuna da Casa nesta terça-feira (11) para condenar as pessoas que têm ido às ruas para defender a volta do Brasil à ditadura militar, por causa da reeleição da presidente.
Sem deixar de lado a postura anti-PT, o peemedebista também aproveitou a fala para questionar iniciativas autoritárias do partido e chamou os manifestantes de “meia dúzia de equivocados”.
“Apesar de ter votado contra a reeleição da presidente Dilma Rousseff, nos dois turnos, quero aqui deixar meu claro repúdio às manifestações de meia dúzia de equivocados que defendem a implantação de um regime autoritário no Brasil por conta dos erros, corrupção e desmandos cometidos pelo PT em doze anos à frente dos destinos do Brasil”.
Para Jarbas, mesmo sabendo que esses “grupelhos” pró-ditadura são insignificantes, na avaliação do senador, eles podem causar perturbação na vida política do País.
“São segmentos que não têm representatividade para falar em nome do sentimento da população brasileira. Fazem barulho por causa das redes sociais e da dimensão exagerada dada a eles pelo próprio PT, que tenta vinculá-los, deliberadamente, à oposição”.
O senador do PMDB lembrou sua trajetória política de combate ao regime militar instalado no Brasil em 1964.
“Combati aquele sistema de exceção como deputado estadual na Assembleia Legislativa de Pernambuco e depois como deputado federal no Congresso Nacional. Vivenciamos, nos vinte anos desse regime autoritário, um dos momentos mais sinistros e aterrorizantes da história do nosso País. Nada, nada mesmo justifica qualquer movimento que defenda uma volta à ditadura, seja ela civil ou militar; de esquerda ou de direita. Não existe tirania em defesa do povo. Essa é uma ilusão que nunca me seduziu; nem quando jovem e nem agora, após 40 anos de vida pública”.
Jarbas Vasconcelos também criticou setores do Governo que defendem suas próprias soluções antidemocráticas, “seguindo cartilha já utilizada tanto pelos regimes autoritários do passado da nossa história quanto pelos ditadores atuais que assolam a política latino americana com propostas como o controle da mídia, a estatização da participação popular ou ideias tipo ‘cavalo de Troia’ como plebiscito ou a Constituinte exclusiva para fazer a Reforma Política”. Para o senador, o sentimento que tem é que a radicalização interessa ao PT e ao Governo, que insiste na ideia retrógrada do “nós contra eles”.
“Para manter a minha coerência, da mesma forma que condeno os arroubos bolivarianos de parte dos integrantes do PT, não poderia adotar comportamento diferente nessa situação. Ao contrário de alguns ‘progressistas’ entre aspas que fazem parte da base de apoio do Governo Dilma, não enxergo diferença alguma entre um ditador que prega uma agenda pretensamente ‘liberal’ de outro que fala uma fajuta linguagem de ‘esquerda’”, argumentou Jarbas.
PAPEL DA OPOSIÇÃO – O senador pernambucano disse que fará uma oposição baseada em princípios democráticos. “O que nós, da oposição, continuaremos a fazer é mostrar a imensa diferença que existe entre o Brasil do marketing da presidente Dilma Rousseff do Brasil real.
Enquanto a fantasia governamental mostra um País sem crise, no Brasil do povo brasileiro, a miséria volta a crescer, os juros aumentam, os supermercados remarcam os preços nas prateleiras, os combustíveis são majorados, a cotação do dólar dispara e as ações da Petrobras e do Banco do Brasil despencam por causa da gestão inábil e temerária do Governo”.
De acordo com Jarbas Vasconcelos, a presidente da República acusou os adversários de estarem mancomunados com os bancos, mas, contraditoriamente, procura um banqueiro para ser ministro da Fazenda.
“A presidente que acusava os concorrentes de ameaçar as conquistas sociais dos trabalhadores brasileiros ameaça cortar as despesas com seguro-desemprego e outros benefícios trabalhistas. “Essas e outras medidas revelam que a então candidata Dilma Rousseff enganou, deliberadamente, o povo brasileiro com o único intuito de conseguir se reeleger para se manter no poder”. “O que estamos vendo é um Governo que cheira a coisa velha antes mesmo de tomar posse”. (Jamildo)