O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), usou a tribuna da Casa, nesta terça-feira (26), para um pronunciamento pedindo “pacificação dos espíritos”, a preservação da democracia e a luta contra o coronavírus. O discurso do parlamentar acontece em meio a uma crise institucional entre o presidente Jair Bolsonaro, e chefes de outros poderes, em especial o judiciário.
Maia iniciou o pronunciamento se dirigindo às famílias que perderam parentes e pessoas internadas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
“Vivemos um momento muito grave da nossa história. Quase 400 mil pessoas morreram nesses três meses de pandemia no mundo. Quase 25 mil no Brasil. Falo em nome da Câmara dos Deputados para as famílias que perderam seus entes queridos e que não puderam se despedir dos seus entes queridos. E para quem ficou, que não pode receber abraços nesses momento”, iniciou o parlamentar, alertando para a gravidade da doença e da crise causada por ela.
Em seguida, o presidente da Câmara agradeceu aos profissionais de saúde que “deixam suas famílias para trabalhar e que atuam em situação de risco, muitas vezes sem condições adequadas” e, na sequência, manifestou-se sobre a importância do isolamento social para o combate à pandemia.
“Quarentena e isolamento social não derrubam a economia. Quem derruba a economia é o vírus. A quarentena salva vidas. […] Vivemos uma guerra com um inimigo não conhecido ainda totalmente. Cada um de nós precisa ter consciência de seu papel nesse momento grave”, disse Maia, contrapondo-se ao posicionamento do presidente da República.
O deputado continuou seu discurso afirmando que, em meio a este momento de crises política e sanitária, a nação espera que os poderes atuem com prudência e que haja “diálogo construtivo entre as instituições”, respeitando as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
Mesmo sem citar nomes, a fala veio em resposta ao chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno. Na última sexta-feira (22), o GSI emitiu uma nota falando em “consequências imprevisíveis” após um pedido de análise do STF sobre um recolhimento do celular de Bolsonaro.
“É imprescindível cuidar da relação harmoniosa e independente entre os Poderes da República. É isso o que nos ordena a Constituição. A construção e a preservação da democracia exigem esforços diários, vigilância intensa e transparência”, afirmou o parlamentar, que vem sendo cobrado por deputados da oposição para analisar os mais de 30 pedidos de impeachment protocolados na Câmara contra o presidente Bolsonaro.
“Vivemos um momento muito grave da nossa história. O nosso grande desafio é derrotar o coronavírus. Vencer a crise econômica, […] e temos que preservar a nossa democracia. Repito: preservar a nossa democracia”, destacou Maia, que concluiu o discurso elogiando a articulação do presidente em formar uma base dentro do Congresso, ressaltando ainda o trabalho da imprensa como um “pilar da democracia”. “Faço um convite para a pacificação dos espíritos e para trabalhar pelo bem do Brasil”, finalizou o presidente da Câmara.