O coordenador dos cursos automotivos da FGV, Antonio Jorge Martins, avalia que o IPVA de 2022 terá aumento médio de 23,9% este ano, acompanhando a valorização dos imóveis na tabela Fipe. Segundo ele, a correção no pagamento do imposto, bem acima da inflação oficial, que acumulava alta de 10,74%em 12 meses até novembro, pode levar governos estaduais a aplicarem descontos maiores para incentivar o pagamento em cota única ou em um número restrito de parcelas.
A estratégia é também uma forma de evitar a inadimplência.
“Muitos estados oferecem abatimentos bem superiores aos de anos anteriores. O pior cenário em ano eleitoral, como 2022, é ter alta taxa de inadimplência” afirma.
São Paulo vai aplicar desconto de 9% no imposto de carros usados e 3% em carros novos com pagamento em cota única. As alíquotas são as mesmas nas duas modalidades: 4% para carros de passeio; 2% para motocicletas, caminhonetes cabine simples, micro-ônibus, ônibus e maquinário pesado; e 1,5% para caminhões. A base de cálculo é a tabela Fipe.
O Rio mantém a tabela aplicada em 2021, com alíquota de 4% para carros flex, 2% para motos e 1,5% para automóveis movidos a GNV.
Assustado com o preço dos carros novos, o vendedor Guilherme Matias optou por comprar um Jeep Renegade 2019, em janeiro do ano passado, por R$ 75 mil. Ele preferiu investir R$ 15 mil a mais do que pagaria em um modelo de entrada zero quilômetro e não se arrepende: o automóvel usado teve valorização de R$ 14 mil em um ano. Hoje, ele sai por R$ 89,7 mil.
“Não tinha contado no planejamento com esse aumento significativo no IPVA este ano, porque geralmente o carro desvaloriza com o tempo. Não sei qual vai ser a diferença, mas deve pesar no bolso” lamenta Matias, que vai pagar em cota única para obter o desconto de 9% para carros usados em São Paulo.
Segundo Paulo Henrique Pêgas, professor de Ciências Contábeis do Ibmec, com a valorização dos usados, a arrecadação com o IPVA em 2022 será de cerca de R$ 65 bilhões, de 20% a 25% maior que em 2021. O cálculo foi feito com base em dados do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).
E a estratégia de aumentar os descontos para pagamentos em cota única, aplicado em São Paulo, deve se repetir em outras unidades da federação, de olho no bolso dos motoristas e na antecipação de verba nos cofres públicos.
“Os estados avaliam que, como terão aumento na arrecadação, podem conceder um desconto maior para minimizar esse aumento (do valor do IPVA). E, ao mesmo tempo em que evitam risco de inadimplência, também antecipam caixa” afirma.