Por Juliana Gomes/Folha de Pernambuco – Um novo ano começou e agora é preciso verificar as dívidas e outros gastos que surgem. Dentre essas obrigatoriedades de janeiro, está o IPVA. Para calcular o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, os governos estaduais pegam o preço do carro, avaliado pela tabela Fipe. O levantamento é baseado nos valores de mercado apurados em setembro e outubro de 2022. Em cima deste valor de venda de novos e usados, os estados aplicam uma alíquota, de acordo com a categoria do veículo.
Em Pernambuco, o valor cobrado para automóveis é de 3% a 4%, a depender da potência do veículo. No caso das motos, a alíquota varia de 1% a 3,5%, também variando de acordo com a cilindrada.
Neste ano, houve um aumento no IPVA em todo o país, mesmo os veículos tendo ficado um ano mais velhos. Essa valorização é reflexo da pandemia da Covid-19, que paralisou fábricas, afetando a produção dos veículos zero quilômetro. Ou seja: faltando carros novos no mercado, o preço do usado começa a crescer.
A analista financeira Carla Nunes não sentiu uma grande diferença em comparação ao IPVA de 2022. “Não senti muita diferença dos valores do ano passado para esse ano, o aumento no meu foi em torno de R$ 130”, explica. Carla também pontua que prefere não ter débitos e paga o imposto de uma vez só. “Pago o IPVA em parcela única. Apesar do pouco desconto, prefiro não ter mais débitos ao longo dos meses. Eu separo uma parte do 13º salário para pagar o valor integral”.
Quem escolher pagar o IPVA PE 2023 em cota única terá desconto de 7%, já quem dividir em até 3 vezes não terá esse desconto. Pernambuco concede isenção no IPVA apenas para táxi, PcD, carros elétricos, ambulância, vans de 12 a 20 passageiros do transporte alternativo, veículo de transporte escolar e veículos furtados ou extorquidos.
O dentista Luciano Quadros está tentando trocar o carro, mas está assustado com os preços e com o valor do IPVA. “Os carros, sendo usados ou novos, estão muito caros. O IPVA está exorbitante. Não cabe mais no bolso do trabalhador. Tem que procurar bastante, pesquisar, senão não consegue, não”, diz.
Parcelar ou pagar à vista?
Ter um planejamento financeiro pode proporcionar bons descontos quando o assunto é IPVA. Infelizmente a maior parte não utiliza esses descontos. Ou pior: a história se repete com muitas dificuldades financeiras. Uma dúvida muito comum em relação ao IPVA é sobre a condição de pagamento: é melhor à vista ou parcelado? Antes de ter essa resposta, é preciso saber em que situação financeira você se encontra: endividado, equilibrado financeiramente ou investidor.
O presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin) e da DSOP Educação Financeira, Reinaldo Domingos, explica que se deve evitar ao máximo recorrer a empréstimos. “Se você está endividado ou mais apertado, dificilmente conseguirá fazer o pagamento à vista, restando o caminho do parcelamento. Lembrando que se deve evitar ao máximo recorrer a empréstimos, limites do cheque especial ou qualquer outra maneira de crédito do mercado financeiro, pois isso apenas se tornaria uma bola de neve, devido aos juros altíssimos cobrados”.
“Caso a situação financeira esteja mais confortável, tendo uma reserva financeira, recomendo, sem dúvida nenhuma, que o pagamento seja feito à vista. Cada estado pratica o próprio desconto, mas, em média, o contribuinte obterá 3% de desconto no IPVA. Contudo, existem casos que podem chegar a 10%”, continua Domingos.
Se atrasar o pagamento, o que acontece?
Muitas dúvidas surgem na hora de quitar o IPVA. E uma delas é sobre o atraso do imposto. De acordo com o especialista Gregomairy Packs, CEO do DOK Despachante, quem não pagar o IPVA nos prazos estabelecidos vai ter consequências no bolso. “Para cada dia de atraso é somado uma multa de 0,33% sobre o valor original do IPVA. Em 60 dias, essa porcentagem será proporcional a 20%, o teto. A partir deste período, a multa pode chegar a 40% caso o Estado inclua o nome do condutor na Dívida Ativa, espécie de Serasa. Além da multa, serão acrescidos juros mensais de, no mínimo de 1%, que serão somados até que a situação seja regularizada”, explica.
O especialista também pontua que IPVA atrasado não gera pontos na carteira, mas impede de pagar o licenciamento do carro. “Não regularizar o IPVA vai impossibilitar de pagar o licenciamento, documento obrigatório anual que permite circular com o veículo. Se o licenciamento estiver em atraso, este sim gera multa gravíssima no valor de R$ 293,47 e a soma de sete pontos na carteira. Vale lembrar que o IPVA não gera nenhum documento a ser apresentado pelo condutor, entretanto, é importante guardar o comprovante emitido pelo local em que o tributo foi quitado”.