A chegada de uma investigação policial na beira do gramado da Arena Pernambuco significa para o governo Paulo Câmara um enorme constrangimento, pois uma coisa é tentar, como vem tentando, explicar o empreendimento a ponto de precisar contratar consultoria da Fundação Getúlio Vargas ao custo de R$ 1,3 milhão. Ou de mandar um calhamaço de 3 mil páginas para o deputado Edilson Silva (PSOL), que até hoje o lê. Outra coisa é ter esses contratos lidos por delegados da Policia Federal.
O contrato da Arena para o governo Paulo Câmara virou um problema quando, ano passado, o então governador João Lyra decidiu que não assinaria a doação dos terrenos ao lado do estádio, parte do acerto com Eduardo Campos. Depois, seguiu com a decisão de pagar R$ 30 milhões pelo prejuízo apurado em 2014, selando a perspectiva de ter que carregar essa rubrica de prejuízos nos próximos anos.
Agora, o constrangimento atinge sua equipe, inclusive, aqueles que na época assinaram os documentos. O governo seguiu, na nota que divulgou, o ritual de não produzir prova contra si. Disse que observou todos os requisitos, prazos e exigências da Lei de Licitações e da Lei das PPPs, lembrou que as leis preveem, expressamente, a possibilidade de o autor do estudo de viabilidade do projeto participar da licitação e afirmou que a lei não exige projeto básico detalhado como requisito para se iniciar a licitação, e, sim, elementos básicos ou anteprojeto.
Nada a contestar, apenas convém lembrar que o que põe a Arena numa investigação policial é o desenvolvimento do contrato e, especialmente, os aditivos que geraram a suspeita de superfaturamento.