Os seguidores do ex-presidente de esquerda Evo Morales realizaram passeatas e bloquearam estradas, ontem (18), para exigir a saída da presidente interina, enquanto a Igreja Católica pedia um diálogo para convocar eleições e pacificar a Bolívia, onde 23 pessoas morreram em quase um mês de confrontos.
“Não temos mais democracia”, grita Carmen, enquanto participa de uma marcha de produtores de folha de coca em Sacaba (centro) impedida de chegar à cidade de Cochabamba, a cerca de 18 km de distância, para protestar contra a presidente Jeanine Áñez, que assumiu o cargo após a renúncia de Morales, em 10 de novembro.
“Já vimos que essa presidente em questão de horas mandou que atirassem balas contra o povo da Bolívia para nos silenciar”, lamenta, referindo-se às nove mortes registradas quando os plantadores de coca tentaram, na sexta-feira, passar por um bloqueio da polícia militar de Cochabamba.
“Não temos mais democracia”, grita Carmen, enquanto participa de uma marcha de produtores de folha de coca em Sacaba (centro) impedida de chegar à cidade de Cochabamba, a cerca de 18 km de distância, para se manifestar contra a presidente Jeanine Áñez, que assumiu o cargo após a renúncia de Morales, em 10 de novembro. Em La Paz, milhares de camponeses também se manifestaram no centro da cidade, que estava lentamente tentando voltar à normalidade. Enquanto a Praça Murillo, onde estão localizados os gabinetes do governo, ainda é guardada pelas forças policiais.
Enquanto os protestos não cessam, a Igreja Católica pediu diálogo para encerrar uma crise que se tornou mais violenta.
Os bispos bolivianos, em coordenação com a União Europeia e as Nações Unidas, pediram ao governo, partidos políticos e representantes da sociedade civil que iniciem um diálogo a partir desta segunda-feira para pacificar o país.
“O diálogo é a maneira apropriada de superar as diferenças entre os bolivianos”, disse o secretário-geral da Conferência Episcopal Boliviana, Aurelio Pesoa, em uma coletiva de imprensa, na qual considerou que “realizar eleições transparentes é a melhor maneira de superar as diferenças”.
Os bispos discutem desde a semana passada com o governo interino de Jeanine Áñez e setores ligados a Morales, que renunciou há uma semana e se asilou no México depois que foram desencadeados protestos denunciando fraudes nas eleições de 20 de outubro.