Por: João Victor Paiva/Diário de Pernambuco – A Câmara Municipal do Recife rejeitou, ontem (5), a medalha de honra ao mérito que seria concedida à primeira-dama Michelle Bolsonaro. A proposta da honraria partiu da vereadora Michele Collins (PP), apoiadora de Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião, também seria votada a concessão de homenagem ao presidente, mas o vereador Dilson Batista (Avante) acabou declinando.
A votação começou às 10h desta terça sob tensão das galerias da Casa José Mariano, ocupadas por militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Levante Popular da Juventude, Movimento Brasil Popular e dos partidos de esquerda PT, PSOL e PCdoB, além de manifestantes a favor e contrários ao presidente. Do lado de fora de Câmara, houve um princípio de confusão entre os que não conseguiram entrar no prédio.
Autor da proposta que homenagearia Bolsonaro com a Medalha de Mérito José Mariano, a maior honraria concedida pelo legislativo recifense, Dilson desistiu da ideia após reunião com lideranças do Avante. Correligionário do vereador, o deputado federal Sebastião Oliveira ocupa o posto de vice na chapa de Marília Arraes (SD), crítica contumaz do presidente.
A bolsonarista Michele Collins, por sua vez, manteve a proposta de entregar a Medalha de Mérito Olegária Mariano à primeira-dama brasileira, mas acabou sendo derrotada pelos colegas de Casa, que barraram a concessão por 16 votos contra 9. Para ela, os parlamentares sofreram influência para não aprovarem a homenagem. “A população deve saber que foi isso que aconteceu, porque na verdade, nunca houve justificativa cabível para que essa medalha não fosse aprovada. Foi algo realmente político”, afirmou.
Os parlamentares de esquerda, como o vereador Ivan Moraes Filho (PSOL), se uniram para que a honraria não fosse feita. “A gente contou com votos da bancada da esquerda completa, inclusive do PSB, que é um partido de centro-esquerda, além de vereadores do campo mais à direita e ao centro, o que traz para a gente uma mensagem muito eloquente. Entendemos que há vereadores e vereadoras que estão em campos diferentes, mas compreendem que não há disputa possível dentro da república brasileira enquanto o bolsonarismo estiver no poder”, comentou.
A vereadora Liana Cirne (PT) encerrou a votação criticando Michelle Bolsonaro. “Nós dissemos não à medalha Olegária Mariano para a primeira-dama, porque ficou demonstrado nesta tribuna que ela acumula deméritos, assim como seu marido. Hoje, a Casa José Mariano vive a festa da democracia”, afirmou a parlamentar.