G1
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma diretriz na qual pede fortemente que a hidroxicloroquina não seja usada como tratamento preventivo da Covid-19. O documento foi divulgado nesta segunda-feira (1°) na revista científica “The BMJ”.
- Estudo liderado pela OMS em mais de 30 países afirma ineficácia de 4 antivirais contra a Covid-19
- Estudo aponta que hidroxicloroquina não previne a infecção pelo novo coronavírus
- OMS diz que é prematuro pensar que a pandemia do coronavírus vai acabar em 2021
- ‘Kit Covid é kit ilusão’: os dados que apontam riscos e falta de eficácia do suposto tratamento
A recomendação é feita por um painel de especialistas internacionais do Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes da OMS (GDG).
Desde julho do ano passado, a organização informa que não tem encontrado benefícios no uso do antimalárico contra o coronavírus. Desta vez, a conclusão passa a ser uma orientação concreta e oficial para os países e profissionais de saúde.
Esta forte recomendação é baseada em seis estudos clínicos com evidências de alto nível. Juntos, eles somaram mais de 6 mil participantes e confirmaram que o medicamento não é eficiente na prevenção contra a doença.
Além disso:
- Evidências de alta certeza (que dificilmente mudarão com a publicação de novos estudos) apontam que a hidroxicloroquina não tem efeito significativo na prevenção de hospitalização e morte devido à Covid-19;
- O antimalárico também não teve efeito em evitar a infecção pelo Sars CoV-2, com evidências classificadas como moderadas (estudos clínicos com leves limitações e estudos observacionais bem delineados e com achados consistentes).
“Neste caso, a hidroxicloroquina não teve nenhuma melhora nem nos pacientes leves a moderados, nem nos hospitalizados. E ela aumentou, provavelmente, os efeitos adversos, que levaram inclusive à descontinuação” – Ethel Maciel, pós-doutora em epidemiologia.
A OMS também pede que as pesquisas com a hidroxicloroquina como prescrição para a Covid-19 não sejam prioridade. O painel avalia que é importante concentrar esforços financeiros em medicamentos com mais chance de combater o coronavírus.
No Brasil, o medicamento chegou a ser recomendado como um dos integrantes do ‘Kit Covid’, voltado ao suposto “tratamento precoce” da doença.
A droga foi prescrita por médicos brasileiros apesar de estudos científicos não apontarem benefícios e alertarem para riscos associados ao uso. Um levantamento do Conselho Federal de Farmácia mostrou que a venda do antimalárico nas farmácias mais que dobrou, passando de 963 mil em 2019 para 2 milhões de unidades em 2020.
Linha do tempo da OMS x hidroxicloroquina
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27 de março de 2020: OMS inicia pesquisa com 50 países sobre a eficácia de 4 medicamentos contra o coronavírus, incluindo a cloroquina e a hidroxicloroquina;
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8 de abril de 2020: procurada pelo G1, a OMS diz que 74 países estão fazendo testes com a hidroxicloroquina
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19 de maio de 2020: ‘Não há evidências para recomendar cloroquina e hidroxicloroquina contra a Covid-19′, diz diretor da Opas, braço da OMS na América Latina;
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20 de maio de 2020: OMS diz que cloroquina pode causar efeitos colaterais e não tem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19;
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25 de maio de 2020: OMS anuncia a suspensão de testes com a hidroxicloroquina em pesquisas que ela coordenava com cientistas de 100 países;
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3 de junho de 2020: OMS anuncia que vai retomar testes com hidroxicloroquina para Covid-19;
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17 de junho de 2020: OMS suspende pela segunda vez testes com hidroxicloroquina contra a Covid-19;
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10 de julho de 2020: ‘Não conseguimos demonstrar um benefício claro‘, diz OMS sobre o uso da cloroquina;
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15 de outubro de 2020: estudo liderado pela OMS
afirma ineficácia de 4 antivirais contra a Covid-19 – incluindo a hidroxicloroquina.