Hoje, sem uma liderança central, o PSB possui vários focos de poder, sendo os principais São Paulo e Pernambuco. Os dois grupos chegaram a bater de frente quando começou a ser discutida a possibilidade de fusão com PPS. Com medo de perder forças para dentro da sigla, os pernambucanos foram contra e os paulistas saíram em defesa. A fusão acabou sendo descartada. “O mais importante é que o PSB sempre manteve a unidade. Foram casos pontuais que o partido soube superar”, avalia o secretário-geral do PSB de Pernambuco, Adilson Gomes, braço direito de Miguel Arraes durante toda sua trajetória.
Ausência de líderes deixou um vácuo
Um partido em busca do seu projeto. Na avaliação de cientistas políticos entrevistados pela Folha de Pernambuco, a ausência de lideranças como Eduardo Campos e Miguel Arraes de Alencar fazem falta para o partido, que vem mudando suas visões ideológicas e se tornando uma legenda cada vez mais pragmática. O estopim para as divergências foi o apoio dado ao senador Aécio Neves nas eleições presidenciais de 2014, quando diversas lideranças deixaram as hostes socialistas.
O cientista político Vanuccio Pimentel avalia que o trabalho construído por Eduardo Campos precisou atrair um novo arco de alianças que, não necessariamente, estão ligadas às bandeiras históricas da legenda. Com a morte do ex-governador, esse movimento acabou provocando esse embate de visões, observado, hoje, na sigla.
“Por muito tempo, o PSB orbitou em torno do PT, mas Eduardo Campos, quando viu uma janela para construir seu projeto, acabou se descolando e precisou construir um arco de alianças fora dessa linha que o partido historicamente adotou. Esse movimento fez com que o partido se tornasse mais pragmático. Hoje, há uma transição ideológica e isso faz surgir divergências naturais dentro do partido”, disse.
A ausência de uma liderança forte com um projeto nacional como Eduardo Campos também faz falta.”Eduardo conseguiu catapultar o PSB, mas sem um grande líder. Isso se traduz nas divergências internas. Com a morte de Eduardo, algumas posições dentro do PSB ficaram insustentáveis”, avalia o cientista político Antônio Henrique Lucena.