A menos de um ano da eleição de 2022, o presidente Bolsonaro (PL) abriu diversas frentes para investir na recuperação de sua base eleitoral e, assim, tentar garantir vantagem contra o ex-presidente Lula (PT) antes da corrida presidencial de outubro.
Hoje, a principal preocupação do presidente Bolsonaro e de seus aliados é com o efeito da chapa Lula-Alckmin, se de fato se confirmar, e como a aliança pode também neutralizar o desgaste da imagem do PT.
O antipetismo é exatamente a principal estratégia do QG bolsonarista para atacar Lula. Dentro desse “cardápio” bolsonarista está a chamada pauta de costumes, com exploração de temas como direitos de minorias e, também, a consolidação do apoio a Bolsonaro do segmento evangélico e mais conservador da sociedade.
Na avaliação de líderes do centrão ouvidos pelo blog, os números do Datafolha desta quinta-feira acenderam o sinal amarelo já que, para o grupo, o antipetismo não só está “pesando” na avaliação de Lula, por ora, como temem que a aliança formal com Alckmin – com perfil conservador, religioso – amplie ainda mais essa distância, como se a vice fosse uma espécie de “seguro” para eleitores mais ao centro que não gostam de Bolsonaro.
Por isso, a estratégia do governo Bolsonaro é, nas palavras de um dos mais próximos aliados bolsonaristas, “colar o PT nas costas de Lula” o tempo todo. “A nossa estratégia é essa: explorar a rejeição ao PT, que vai dar a vitória a Bolsonaro”, deseja o interlocutor de Bolsonaro.
QG Bolsonarista e Kassab
Com o impacto da possível chapa adversária, a definição de uma vice de Bolsonaro que possa agregar e ampliar apoios ganhou ainda mais importância.
Nas últimas semanas, o governo montou um “QG bolsonarista” para discutir estratégias e palanques para 2022. O grupo já se reuniu, pelo menos, por três vezes na casa do ministro Onyx Lorenzoni. Ali, funciona o desenho da pré-coordenação política da campanha de Bolsonaro: presidentes dos partidos do centrão, Marcos Pereira (Republicanos), Ciro Nogueira (PP), Valdemar Costa Neto (PL) e o senador Flavio Bolsonaro, filho do presidente da República.
Nas conversas, segundo o blog apurou, Republicanos e PP têm repetido que querem a vice do presidente Bolsonaro – mas deixam claro que desejam ocupar esse espaço desde que seja, de fato, um nome da política. Caso contrário, o nome, de escolha do presidente, pode se filiar ao PL e Bolsonaro terá uma chapa puro sangue.
Ninguém falou no nome de Braga Neto, mas não precisa: o recado foi repassado por Flavio Bolsonaro ao governo. Os partidos do centrão não querem um militar na vice de Bolsonaro e preferem alguém da política, especificamente que represente a região Nordeste ou o estado de Minas Gerais.
Já Bolsonaro, até aqui, como o blog revelou, quer Braga Neto porque vê no ministro da Defesa uma espécie de “seguro impeachment” por ele ser militar.
Além disso, uma outra estratégia prioritária que vem sendo cogitada nos bastidores por líderes do centrão é aproveitar o possível “namoro” desfeito entre Gilberto Kassab e Alckmin para atrair Kassab para a campanha de Bolsonaro em 2022.
Gilberto Kassab, presidente do PSD, nutre planos de Alckmin disputar o Palácio dos Bandeirantes pelo PSD mas, se Alckmin fechar com Lula, Kassab, para aliados de centrão, pode querer se reposicionar na disputa de 2022 e ser uma carta na manga para o palanque de Bolsonaro – em posição ainda a ser discutida.
Kassab já disse várias vezes que vai lançar à presidência da República Rodrigo Pacheco (PSD), mas o centrão não acredita que o plano vá até o fim.