Não é irrelevante uma declaração prestada na última sexta-feira pelo deputado federal Felipe Carreras de que respeita “decisões partidárias”, mas não votará em Lula ou em qualquer outro candidato do PT para presidente da República “de jeito nenhum”. A declaração é em si contraditória porque a decisão do PSB de Pernambuco é no sentido de apoiar o ex-presidente, conforme manifestação externada na véspera pelo governador Paulo Câmara. E se torna ainda mais relevante porque Carreras foi secretário estadual de Turismo até abril passado. Isto pode ter sido o primeiro sinal de que o governador começa a perder o controle do PSB pernambucano. Se a insubordinação tivesse partido de um parlamentar da Frente Popular, mas não filiado ao PSB, era perfeitamente compreensível porque muitos fizeram oposição ao PT a vida inteira e certamente não se sentirão à vontade participando da campanha lulista.
É o caso, por exemplo, do deputado André de Paula, que construiu sua carreira política no extinto PFL como liderado político do ex-senador Marco Maciel. Exigir dele engajamento na campanha de Lula seria quase uma violência, sabendo-se que tem um passado antipetista. É claro que o deputado Carreras tem todo o direito de votar em quem quiser. Mas para ser coerente com o que escreveu não deveria ter dito que “respeita decisões partidárias”. Se já anunciou antecipadamente que não votará em Lula, que será o candidato do PSB estadual, óbvio que estará afrontando o seu próprio partido, que faz um enorme para ter o PT como aliado. (Inaldo Sampaio)