Confirmando-se, amanhã, a vitória de Dilma para o segundo mandato, o Brasil terá a partir de segunda um novo líder na oposição: Aécio Neves. Ele e Eduardo Campos, como bem notou em seu livro de memórias o ex-ministro Fernando Lyra, eram os dois melhores políticos brasileiros da geração pós 64. O mineiro com 54 anos e o pernambucano com 49. Ambos foram formados pelos avôs, Tancredo Neves e Miguel Arraes, respectivamente, para abraçar a carreira política. Passaram pela Câmara Federal e pelo governo dos seus estados, sendo que Aécio foi também presidente da Casa e Eduardo ministro de estado. Os dois se prepararam, cada um a seu modo, para disputar a Presidência da República em 2014. Mas o destino foi cruel com Eduardo, não permitindo que ele se apresentasse ao país como a “terceira via” do 1º turno. Aécio chegou ao 2º com Dilma Rousseff e mesmo que perca, amanhã, está talhado para comandar a oposição.
Aécio Neves e Eduardo Campos foram preparados pelos avôs, Tancredo Neves e Miguel Arraes, respectivamente, para abraçar a carreira política
Então, pra que mudar? Se Aécio perder a eleição, parte da culpa será debitada na conta dos seus marqueteiros, que o transformaram num político agressivo e intolerante sem de fato ele ser. Além disso, botaram na cabeça do tucano que ele deveria dizer aos eleitores que manteria todos os programas sociais do atual governo – Bolsa Família, Mais Médicos, Prouni, Pronatec, Luz para todos, etc. “Ora”, perguntou-se o eleitor comum, “se é para manter tudo que está aí, é melhor votar na Dilma”.
Massa – A campanha pró Aécio feita em Pernambuco pela Frente Popular, com a massificação do número “45”, ajudará por tabela a campanha de Daniel Coelho (PSDB) para prefeito do Recife daqui a dois anos. Em 2016 começará tudo de novo. O prefeito Geraldo Júlio (PSB) vai ter que trabalhar duro para dizer aos eleitores que o seu número não é mais “45”, e sim o “40”.
Elite – Ainda que Aécio ganhe a eleição, o PSDB terá que fazer um trabalho de marketing para livrar-se da pecha de “partido de elite”, que só teria inserção em Minas, São Paulo e Paraná.
Debate – Humberto Costa foi convidado pelo PT para acompanhar Dilma no debate da Globo e o governador eleito, Paulo Câmara, convidado pelo PSB para acompanhar Aécio Neves.
Ofensa – Quando se for escrever a história desta campanha, os tucanos Alberto Goldman (SP) e Marconi Perillo (GO) serão citados por terem chamado o ex-presidente Lula (PT) de “canalha”.
Tucana 1 – Como diz o ex-ministro José Dirceu (foto), a “Veja” é tucana e se assume como tal. Antecipou para ontem a sua edição que sairia hoje só para dizer que Lula e Dilma sabiam do escândalo da Petrobras, como forma de desgastar a presidente e ajudar Aécio Neves (PSDB).
Tucana 2 – Por falar em “Veja”, depois que a “delação premiada” de Paulo Roberto Costa for de conhecimento público, nunca mais a revista dirá, como sustentou nos últimos 2 anos, que o mensalão “foi o maior escândalo político da história do Brasil”. Perto do da Petrobrás é pinto.
Carimbo – O pernambucano Geraldo Brindeiro já está aposentado no DF como procurador da República. Mas não consegue livrar-se do carimbo de “engavetador geral” por não ter feito nenhuma denúncia grave, contra ninguém, nos dois governos de FHC, quando foi o Procurador Geral, Marco Maciel o vice-presidente da República e Everardo Maciel o secretário da Receita. O carimbo pegou.
Vitória – Dilma deve bater Aécio, amanhã, em todos os estados do Nordeste, repetindo a façanha de 2010 quando derrotou Serra (PSDB) na região por mais de 10 milhões de votos. De quebra, o PT manteve o governo da Bahia (Rui Costa), reconquistou o do Piauí (Wellington Dias) e está a um passo de conquistar também, pela primeira vez, o do Ceará com o deputado Camilo Santana. (Folha de Pernambuco)