João Pedro Pitombo – Folha de S.Paulo
Trá-trá-trá. O barulho de rajadas de tiros ecoava dos carros de som nas ruas de Catolé do Rocha, na Paraíba. Inspirado na música “Metralhadora”, sucesso do Carnaval em 2016, o jingle promovia a candidatura de Ubiraci Rocha, que disputava uma vaga de vereador pelo PPS.
Mas o candidato não estava nas ruas para fazer a sua campanha. Ubiraci estava encarcerado, sob suspeita de autoria de três homicídios e de crime de pistolagem.
Precedentes como este podem repetir-se na eleição deste ano, caso o PT registre a candidatura à Presidência de Lula, que cumpre pena após condenação em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro. O PT, contudo, mantém Lula como postulante ao Planalto e deve registrá-lo em agosto deste ano mesmo preso.
O Tribunal Superior Eleitoral não possui dados sobre políticos que registraram candidatura mesmo presos. Segundo levantamento da Folha, há precedentes de pelo menos seis políticos, candidatos a prefeito e vereador, que disputaram as eleições dentro da prisão.
Apesar de a situação ser a mesma –fazer campanha preso–, há uma diferença. Ao contrário do petista, os candidatos cumpriam prisão preventiva antes da condenação em segunda instância. Por isso, nenhum foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
A lei deverá ser o principal obstáculo para a candidatura de Lula. O ex-presidente não teve seus direitos políticos suspensos, mas deve ser considerado inelegível.
Continua…