Correio Braziliense
O presidente Jair Bolsonaro concordou com o fim do auxílio emergencial, apesar dos apelos para que o benefício continuasse sendo pago neste início do ano, porque entendeu a situação fiscal do país. Pelo menos foi o que indicou o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, nesta sexta-feira (08).
“Muita gente estava dizendo que o presidente nunca mais ia abrir mão do auxílio emergencial porque ajudava a popularidade dele. Nós temos um presidente da República que compreendeu a situação fiscal e não foi renovado o auxílio emergencial. Será que não é uma prova do comprometimento com o lado fiscal da economia?”, disse Sachsida, em live realizada pelo site Jota, nesta sexta-feira.
O secretário admitiu que “havia um clamor muito grande de vários setores da sociedade pela prorrogação do auxílio emergencial”, mas disse que “o presidente foi lá e vetou algo que lhe daria muita popularidade”, mostrando que entende a importância de retomar a disciplina fiscal neste ano, como vem pedindo o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Diante dessa “prova” de que o “presidente está alinhado com a agenda de consolidação fiscal”, Sachsida se disse confiante na manutenção do teto de gastos e também na aprovação de reformas que podem melhorar a situação das contas públicas brasileiras neste ano, apesar de toda a pressão para a ampliação dos gastos do governo.
Sachsida entende que a consolidação fiscal é a melhor ajuda que o país pode oferecer no momento, pois acredita que a prorrogação do auxílio emergencial traria mais prejuízos do que benefícios, por conta do impacto fiscal do programa. “Há evidências na literatura econômica de que, gastar muito, em vez de ajudar a população, piora, porque a inflação aumenta, aumentam os juros, diminui o investimento, diminui o PIB e aumenta o desemprego”, argumentou.
O secretário pediu atenção de todos que estão querendo ajudar a população mais pobre agora que o auxílio emergencial chegou ao fim, mesmo diante do recrudescimento da pandemia e da alta do desemprego. “O auxílio emergencial custa R$ 25 bilhões por mês. Se prorrogar por três meses, são R$ 75 bilhões. É muita pressão do lado fiscal. E o presidente da República aceitou isso”, frisou.
Crescimento da economia
Apesar da perspectiva de que o fim do auxílio emergencial pode frear a recuperação da economia brasileira neste início de ano, Sachsida reforçou que o governo espera um crescimento de 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2021.
O secretário admitiu, porém, que este primeiro trimestre ainda será difícil, já que a pandemia segue afetandodo a atividade econômica, sobretudo o setor de serviços, que responde pela maior parte da economia e dos empregos do país, e é altamente dependente do contato social.
No auge da pandemia, um estudo realizado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) apontou que uma semana de lockdown custa R$ 20 bilhões ao país. Sachsida, no entanto, garantiu que as novas medidas de isolamento social ainda não afetam a projeção de crescimento do PIB em 2021, já que estão localizadas em poucas capitais do país.
Ele garantiu ainda que não faltarão recursos para o programa de vacinação contra a Covid-19, que, segundo especialistas, será fundamental para a retomada integral da economia, sobretudo do setor de serviços. “Dinheiro para a vacinação não irá faltar. Quem quiser tomar vacina, vai ter vacina. Do que depender da área econômica, vai ter dinheiro e o que for necessário para levar a vacina a todos que quiserem tomar”, assegurou.
Por isso, Sachsida reforçou a perspectiva de crescimento da economia brasileira em 2021. Segundo a equipe econômica, o crescimento será puxado por investimentos privados, que virão diante da consolidação fiscal e das reformas econômicas, já que essas medidas podem passar confiança aos investidores e reduzir o custo Brasil.
“É um primeiro trimestre um pouco difícil para a economia brasileira ainda. Mas, ao longo do semestre, os resultados vão começar a aparecer. (…) Vamos ficar firmes ao lado da consolidação fiscal, vamos avançar passo a passo nas reformas estruturantes e na melhora dos marcos legais. Vamos aguentar firme o primeiro trimestre, porque ainda tem um pouco de pandemia, ainda inspira um pouco de cuidado. Mas, ao longo do primeiro semestre, a economia brasileira vai voltando aos poucos”, espera o secretário.