As eleições de 2018 trouxeram uma grande renovação na Câmara dos Deputados e nas Assembleias Legislativas, pois estava em jogo uma disputa sem o tradicional financiamento privado de campanha que sempre trouxe muita confusão. O resultado foram campanhas franciscanas que levaram muitos políticos tradicionais a perderem muitos votos em relação a 2014, com alguns deles a perderem o mandato.
Nas eleições de 2020 além do financiamento, os vereadores precisarão lidar com o fim das coligações proporcionais, que sempre emplacavam a maioria das cadeiras numa disputa eleitoral. Na eleição de 2016, 27 vagas de vereador do Recife ficaram com as coligações, e apenas 12 vagas foram distribuídas com partidos que fizeram chapa própria.
Naquela ocasião, dos partidos que não coligaram, destaque para o PP, que elegeu três vereadores, e para o PEN, que hoje é Patriota, que elegeu dois vereadores, enquanto PCdoB, Solidariedade, PTC, PSD, PSDC, PRP e PPS ficaram cada um com uma vaga. Dentre os que se coligaram, apenas PSB, PRTB, PT, PSDB, PSC e PRB teriam votos suficientes para eleger seus vereadores, os demais partidos, como PTB e MDB, por exemplo, não teriam elegido vereador se não houvesse as coligações.
O fato é que nas eleições de 2020, sem o advento das coligações, os partidos pequenos que já tiverem vereador de mandato perderão completamente sua atratividade, e os aspirantes a vereador terão que fazer a opção por partidos que possuem bancada grande e de preferência que tenham candidatos majoritários para fortalecer o voto de legenda e ajudar a eleger parlamentares.
Apesar de as conversas ocorrerem apenas reservadamente, muita gente não sabe o que fazer na Casa José Mariano, pois entrar em partido sem cauda há o risco de não disputar sequer as sobras e ficar sem o mandato, e se entrar em partidos que já possuem muitos vereadores, ficarem reféns de uma briga fratricida para ascender ao mandato. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Por isso já tem vereador fazendo as contas e avaliando que é melhor pendurar as chuteiras. (Edmar Lyra)