Os deputados que votaram a favor da Reforma da Previdência, contrariando orientações de seus partidos, têm se reunido constantemente com o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia. No grupo, estão nomes do PSB e do PDT. Leia-se: o deputado federal pernambucano Felipe Carreras, um dos suspensos pelo partido após reunião do Diretório Nacional ontem, integra esse conjunto. Esteve entre os que compareceu, na última terça-feira, a almoço promovido por Maia na residência oficial da Câmara dos Deputados. O presidente da Câmara tem atuado junto aos dissidentes. E pode ajudá-los a serem acolhidos por alguns partidos. O debate tem no radar uma série de opções: PP, DEM, PSDB, MDB e Solidariedade. Em outras palavras, de Pernambuco, Felipe Carreras tem participado dessas conversas que podem desaguar em negociações.
Movimento similar já foi realizado por Maia em 2017. Quando o PSB posicionou-se contra as reformas do governo Michel Temer, Maia arrebanhou os alinhados ao Palácio do Planalto, inclusive, o deputado federal pernambucano Fernando Filho. A atuação de Maia, à época, chegou a gerar reação de Michel Temer, que também acenou aos dissidentes. Na ocasião, o PSB destituiu de comandos estaduais quatro deputados que votaram a favor da reforma trabalhista: Danilo Forte (CE), Tereza Cristina (MS), Fábio Garcia (MT) e Maria Helena (RO). Ontem, em relação à Reforma da Previdência, o PSB expulsou só Átila Lira (PI), mas optou por suspender nove deputados que votaram favoráveis. Entre eles, Felipe Carreras. Átila votara também a favor da reforma trabalhista, foi enquadrado como reincidente.
Resultado: legalmente, esses parlamentares não podem deixar o partido. Tem a opção de judicializar ou esperar a janela de 2022. Se alguém decidir desfiliar, terá o mandato requerido. A despeito da ajuda de Maia, o caminho de Carreras, ainda que dentro do PSB, pode ser mais duro do que até socialistas pernambucanos calculavam. (Renata Bezerra/Folha de Pernambuco)