FHC: Não acho bom que o PT acabe nem ver Lula preso…

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Em entrevistas aos jornalistas Denise Rothenburg e Leonardo Cavalcante, publicada no jornal Correio Braziliense, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avaliou o resultado das eleições municipais e disse que os resultados não credenciam o governador Geraldo Alckmin automaticamente para a disputa presidencial.

Sobre a crise que atingiu o Partido dos Trabalhadores, FHC, que foi um dos articuladores do golpe parlamentar de 2016, afirmou não desejar o fim da legenda. “Dos nossos partidos, o que era mais partido era o PT, mais organizado e tal. Mas, de liderança, o problema do PT é que ele sofreu um baque. O PT volta a ser o que era o PT no começo, quando o Lula não tinha tanta força”, afirmou.

“O PT tem um certo enraizamento nos movimentos sociais, mas principalmente na burocracia e professorado. Vai encolher, mas eu não acho bom que acabe. O certo é o partido fazer uma revisão. O maior problema do PT é a ideia de hegemonia, pois torna o partido não democrático. Eles acomodavam os partidos que eram seus aliados ao seu interesse principal, que era mandar.” 

FHC também afirmou que uma eventual prisão de Lula seria ruim para o País. “Eu não quero falar disso. Eu acho que o Lula fez tanta coisa contra ele mesmo, não sei o que ele fez, espero que não chegue a tal ponto, mas eu não sou juiz. O juiz tem limite, o fato. Eu não conheço os fatos e nem quero conhecer, prefiro não saber. É claro que é ruim para o país, você ter alguém que é um líder, ter um momento de tanta angústia. Eu não sou desse estímulo, não gosto de espezinhar”, afirmou.

Continua…

Na entrevista, ele voltou a criticar Michel Temer pelas falhas na comunicação. “O que eu acho que precisa mais é falar com as pessoas, mostrar a cada um o que vai ser feito, qual é o horizonte”, diz ele. “Quando fui ministro da Fazenda, eu falava o tempo todo. Todo dia eu dava entrevistas: televisão, rádio e jornal. Ia para o Congresso, falava com as bancadas e os sindicatos.”

Sobre o impacto da vitória de João Doria Júnior em São Paulo na definição do nome do PSDB em 2018, ele foi cauteloso. “Não é automático, primeiro vai ter que ver como vai ser o desempenho do Doria na prefeitura. Ao público, ele disse que era gestor, não é político. Isso é verdade. Tem que saber se isso vai ser concretizado.”

Operação Lava Jato

Por fim, FHC falou sobre a Lava Jato, diferenciando a situação do PT e do PSDB, que já teve seus presidenciários Aécio Neves e José Serra citados como beneficiários de esquemas de propina e caixa dois. “Sim, mas qual é a diferença entre uns e outros? O grosso desse processo é um processo pelo qual pessoas do governo sustentam pessoas nas empresas públicas ou na área pública, ligadas a um mecanismo de arrecadação, que vai para o partido para sustentar o poder e eventualmente escorrega no bolso de alguém. O PSDB não estava no poder, o que pode acontecer no PSDB é em coisas locais porque não estava no poder quando esse sistema foi montado, na Petrobras, Eletrobras, não tem como. Não, eu estou falando da corrupção organizada. Como eu disse aqui, todo mundo sabe, boa parte da política brasileira foi financiada por empreiteiras e bancos, em geral, caixa um e, de vez em quando, caixa dois.” 

Leia na íntegra aqui entrevista aos jornalistas Denise Rothenburg e Leonardo Cavalcanti, no Correio Braziliense (Magno Martins)