Pedro Ferreira de Lima Filho *
No cruzamento entre a fé e a inteligência artificial, emerge um diálogo complexo que transcende fronteiras filosóficas e éticas. A fé, muitas vezes enraizada em valores espirituais, se depara com a ascensão de uma inteligência criada pelo homem, desafiando noções preexistentes e gerando reflexões profundas.
No epicentro da interseção entre fé e inteligência artificial, lembramos as palavras bíblicas que ressoam através dos séculos: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento” (Provérbios 1,7). À medida que a inteligência artificial avança, essa máxima ancestral assume uma nova ressonância, desafiando-nos a ponderar sobre a origem divina e humana que se entrelaçam na criação tecnológica.
Em nossa busca pelo conhecimento, é prudente lembrar que “a sabedoria é mais preciosa do que pérolas; nada do que você possa desejar se compara a ela” (Provérbios 3,15). A inteligência artificial, apesar de sua magnitude, nos instiga a questionar não apenas o “como” de nossas realizações, mas também o “porquê”.
A autonomia das máquinas nos lembra do alerta bíblico de que “há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte” (Provérbios 14,12). Nesse caminho tecnológico, é vital ponderar sobre as consequências e os limites éticos, guiados pelos princípios que transcendem as criações humanas.
Ao contemplar o futuro, encontramos inspiração em Isaías 55,9: “Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos”. Nesse horizonte de inteligência artificial, somos desafiados a abraçar a humildade diante do desconhecido, reconhecendo que nossa busca pelo conhecimento não pode eclipsar a sabedoria divina que nos precede.
Que a humanidade, ao integrar a fé na era da inteligência artificial, busque orientação em Jeremias 29,11: “Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro”. Que a promessa de um futuro esperançoso seja entrelaçada com princípios éticos, equilibrando assim o avanço tecnológico com valores fundamentais e espirituais.
Assim, diante do deslumbrante horizonte da inteligência artificial, que a humanidade se veja desafiada a equilibrar o conhecimento que adquire com a sabedoria que transcende, guiada pela essência de nossa fé e pelo respeito pelas maravilhas que a criação, seja ela divina ou humana, tem a oferecer. Que a jornada reflexiva na era da IA seja permeada pela luz da compreensão divina, guiando-nos na busca por um futuro enriquecido não apenas por realizações tecnológicas, mas também pela essência espiritual que nos conecta ao divino e ao humano.
* Pedro Ferreira de Lima Filho é filósofo e teólogo, Especialista em ensino religioso, mestre em Bíblia, doutor em Teologia, Católico e professor da Rede Pública Municipal e do ensino superior da Rede Privada.