Muitas famílias marcam presença neste domingo, 23, na 23ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo para apoiar filhos e amigos. “É a minha primeira vez. Eu era uma pessoa com muitos preconceitos. Meu filho me ensinou a ver a vida de outro jeito. Hoje estou aqui para apoiá-lo”, comentou Lourdes Fragoso, de 66 anos.
A transexual Vanessa Leite, de 30 anos, levou a mãe para a parada LGBT. “Minha mãe é uma mulher evoluída. Ela não é juíza de ninguém. E me apoia”, disse. Já Erundina Moreira, de 70 anos, mãe de Vanessa, retribuía a admiração da filha. “Tenho muito orgulho. Não admito que nenhum preconceituoso chegue sequer perto de mim”.
“Sou hétero, mas estou aqui pelos meus amigos. Vivemos um período de perseguição e violência contra a comunidade gay. Não vou soltar a mão deles. Mexeu com eles, mexeu comigo”, falou o engenheiro Hernandes Souza, de 32 anos.
A estudante Luciana Santos, de 22 anos, exibia uma camisa com a mensagem: “A única cura que eu quero é a do câncer”. Segundo ela a política hoje obriga todo mundo a defender o óbvio: “A gente precisa lutar para explicar que homofobia é crime, que cura gay é um absurdo e que a terra é plana”, enumera.
Os vendedores que atuam na Avenida Paulista também se adaptaram ao evento. Canecas, chocolates e adereços com referências às cores do arco-íris estiveram em alta. Além disso, os próprios ambulantes se adaptaram. “Eu votei no Bolsonaro, mas não tenho nada contra ninguém. É preciso garantir o sustento da família”, disse o ambulante Jorge Amadeus, de 40 anos, que vendia adereços para a cabeça.
Balada
Depois dos primeiros discursos, a Parada ganhou ares de festa. Com a música alta, a Avenida Paulista e a Rua da Consolação viraram uma balada. “Dançar e beijar na boca também é político”, gritou um rapaz para a reportagem – que tentou, mas não conseguiu ouvir o nome dele.
No posto médico, na Paulista, a maioria dos casos de atendimento era decorrente de excesso de consumo de bebidas alcoólicas. A reportagem flagrou duas pessoas procurando postos policiais para reclamar de furto de celular. Até o momento, a polícia não apresentou um balanço das ocorrências, mas policiais dizem que a “impressão” é de muitos casos de furto de celular.
Atrações
A Parada conta com 19 trios elétricos e a participação de uma ex-integrante do grupo Spice Girls. Para esta edição, a atração mais aguardada é o show da cantora Melanie C, ex-Spice Girl. Também estão confirmadas Aretuza Lovi, Gloria Groove, Iza, Lexa, Luísa Sonza e MC Pocahontas.
Às 19 horas, um palco montado na Praça da República receberá shows. O tema deste ano é “50 anos de Stonewall – nossas conquistas, nosso orgulho de ser LGBT+”. Ele relembra a série de manifestações da comunidade LGBT contra batidas violentas da polícia de Nova York em um bar, o Stonewall Inn, no fim da década de 1960. (Diário de Pernambuco)