g1 – As declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em Londres, sinalizando que pode não haver uma queda dos juros no curto prazo, aumentaram a pressão no governo por uma saída fiscal para tentar fomentar o crescimento do PIB.
Num evento na sexta-feira, Campos Neto disse que “o anseio pela queda de juros é político, mas nosso trabalho é técnico” e sinalizou que as condições para a queda dos juros, hoje em 13,75%, ainda não estão dadas.
A fala do presidente do Banco Central repercutiu mal não só no governo, mas no Congresso ao ser interpretada como uma resposta ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que antes, no mesmo evento em Londres, havia feito um apelo para a queda da Selic.
Lula está cobrando integrantes do governo que busquem alternativas que possam compensar a política monetária. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no entanto, tem sido praticamente uma voz isolada ao defender a harmonia entre o fiscal e a política monetária.
Com a sinalização de Campos Neto nesta sexta-feira, integrantes do governo apostam que Lula insistirá na adoção de políticas parafiscais, com o uso dos bancos públicos para subsidiar taxa de juros.
Medidas como essas, já adotadas em gestões passadas do PT, são criticadas pelo efeito contrário que podem causar na Selic e também pelo fato de que o crédito subsidiado acaba indo para as mãos de empresários — e não necessariamente com retorno em geração de empregos e crescimento econômico.
Na última ata do Copom, o BC disse que o uso de políticas parafiscais eleva o juro neutro da economia (patamar que não acelera nem desestimula economia). A declaração sinaliza que, se o governo puxar de um lado com o fiscal, está agravada a queda de braço: o BC puxará do outro com a monetária.