Folha de Pernambuco
Um ato denunciando a venda do prédio e terreno onde funciona a Faculdade Luso Brasileira (Falub), em Carpina, na Mata Norte de Pernambuco, aconteceu ontem (27), na Câmara Municipal do município. O protesto contou a presença de representantes e alunos da faculdade, além de estudantes da escola estadual que funciona no prédio da Falub.
De acordo com a instituição de ensino, a faculdade é mantida pela Organização Pernambucana de Educação, Ciência e Cultura (Opecc), instituição sem fins lucrativos e cujo funcionamento é em um prédio cedido no regime de comodato pela Prefeitura após cumprimento de todas as formalidades para a tramitação legal. A direção da Falub afirma que o leilão, que prejudica os alunos, quebra o contrato mantido com a prefeitura, dona do terreno, desde 1999 e que se encerraria somente em 2025.
Nesse período, contabiliza a Falub, já foram formados mais de 10 mil profissionais distribuídos entre os cursos de graduação de Administração, Ciências Contábeis, Letras, Pedagogia e Serviço Social e de pós-graduação nas áreas de Psicopedagogia Clínica e Institucional, Língua Portuguesa e Literatura, Pedagogia Empresarial, entre outros.
Atualmente cerca de 1.600 alunos estudam na Falub, com mensalidades populares de até R$ 190. “A faculdade também realiza vários projetos sociais, tem mensalidades a preços baixos a fim de atender à população mais carente, além de ser sede de uma escola estadual de referência, escola essa que estava sem prédio para funcionar e que tem 900 alunos”, relata a diretora Faculdade Luso Brasileira , Tatiana Costa.
Segundo a diretora, a faculdade também concedeu mais de 1.500 bolsas a estudantes de baixar renda. “Retirar a faculdade do município é retirar o direito de acesso à educação de uma parcela esquecida da população. É retirar o acesso de perspectiva de uma vida melhor, mais digna”, afirma Tatiana, lembrando também que a Falub tem cedido espaço para que os 900 alunos da Escola Estadual de Referência João Cavalcante Petribu não sejam prejudicados.
“Estão querendo acabar com nossos sonhos de nos formar. A Falub é na minha terra e trabalha com preços acessíveis. Se a faculdade fechar, eu vou me formar?”, indaga Edgar Melo, 32, aluno do curso de contabilidade. Segundo a Falub, no prédio da instituição também funciona uma unidade do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE).
Em resposta, a Prefeitura de Carpina afirma que os contratos foram firmados de forma “incongruente” e “irregular”, além de relatar que o imóvel pertence, na realidade, a Congregação De Santa Dorotéia Do Brasil, que exigiu o ressarcimento de R$ 3.999.673,50.
“Afim de evitar maiores prejuízos às contas públicas, o prefeito de Carpina, através do decreto de nº 025, anulou o comodato OPECC/FALUB, em consonância com o parecer da procuradoria Jurídica Municipal”, diz um trecho da nota oficial enviada pela prefeitura.