Blog de Jamildo – Em artigo enviado com exclusividade ao Blog de Jamildo, Bruno Brennand, ex-tesoureiro do PSB-PE, afirma que o ex-governador Eduardo Campos não confiava em Danilo Cabral. O deputado federal é o candidato dos socialistas ao Governo de Pernambuco.
A afirmação acontece em meio à pré-campanha de Danilo Cabral, que utiliza as figuras de Eduardo Campos e Lula para impulsionar seu nome entre o público pernambucano. Ao lançar sua pré-candidatura, comentou o seguinte: ‘Eduardo sabe que eu tenho ele como inspiração. Convivi com ele mais de 30 anos e ele sempre esteve presente. Ele está presente aqui’.
Bruno Brennand deixou o PSB em 2016. Ele atuou na legenda desde os tempos de Miguel Arraes e externou à executiva do partido, na época, sua insatisfação com os rumos tomados nas eleições desse ano, especialmente em Olinda e Caruaru.
O advogado esteve em todas as campanhas de Eduardo Campos e na de outros quadros do PSB: Geraldo Júlio para a Prefeitura do Recife em 2012 e Paulo Câmara para o Governo de Pernambuco em 2014. Após sua saída, fez campanha para Raquel Lyra (PSDB) e Miguel Coelho (UB). Em 2018 esteve com Armando Monteiro e, em 2022, estará novamente com Miguel, agora pré-candidato ao Campo das Princesas.
A reportagem tentou contato com a equipe de Danilo Cabral, mas até o momento não obteve retorno. Felipe Carreras, deputado federal do PSB, enviou ao Blog uma resposta, negando a fala de Bruno Brennand e reafirmando a boa relação entre Danilo e Eduardo Campos. Leia aqui na íntegra.
Confira, na íntegra, o artigo de Bruno Brennand sobre Danilo Cabral e Eduardo Campos:
Acreditar e confiar. Diferenças
Graciliano Ramos dizia que escrever nada mais era do que rabiscar palavras, e neste sentido desenhar também serve ao propósito de estabelecer uma comunicação ou expor uma ideia. É uma forma de linguagem, que nada mais é do que pensamentos em símbolos, sejam letras, desenhos ou garranchos. Usarei neste intento também minhas experiências pessoais.
Então, de forma bem simplória e lúdica, buscarei escrever e desenhar (força da retórica) para ver se alcanço me fazer entender pelo leitor. Me proponho a estabelecer uma diferença sutil entre as palavras ACREDITAR e CONFIAR, que em determinados momentos podem até mesmo ser sinônimos, mas que no presente caso não são. Vamos lá.
O ano era 2006, Eduardo Campos se lançou candidato à eleição de governador. À primeira vista, era uma candidatura aventureira ou para cumprir tabela. Dois personagens servirão para demonstrar ao que me propus no início. Eduardo saiu candidato com apoio de apenas 11 prefeitos de 184 municípios pernambucanos, dos quais 6 eram ligados ao atual senador Fernando Bezerra Coelho, que, à época, era prefeito de Petrolina e completava o time de 7 prefeitos do seu grupo a apoiar a candidatura de Eduardo. Fernando, portanto, ACREDITOU em Eduardo. Já Danilo Cabral, atual candidato do governador à sua sucessão, foi escolhido por Eduardo para coordenar sua campanha (apenas pró-forma), evitando assim uma briga fratricida (que ocorreu, mesmo assim, depois, e outrora posso contar) entre seus aliados.
Sai então a primeira pesquisa eleitoral e Eduardo amarga ínfimos 4% da preferência do eleitorado. O coordenador da campanha ligou para vários fornecedores e apoiadores, avisando que parassem de rodar santinhos, confeccionar bandeiras, etc. Disse que NÃO ACREDITAVA na eleição de Eduardo Campos e que eles estavam por conta e risco. Vários fornecedores resolveram, mesmo assim, ACREDITAR em Eduardo Campos, e continuaram a fazer as entregas apesar da advertência contrária do então coordenador geral da campanha. Eduardo se sagra vencedor do pleito e se elege governador de Pernambuco.
Passados quase oito anos, estamos em 2014, e Eduardo precisa escolher um sucessor, precisa renunciar ao cargo de governador e se lançar candidato à Presidência da República. Novamente vários não ACREDITAM nele. Certa vez, estávamos na casa de sua mãe, Ana Arraes, vendo uma peça publicitária nova que ainda seria veiculada, aí ele olhou nos meus olhos e me indagou: “Você não acredita em mim? Serei presidente! Anote aí”. Fiquei calado. Quem era eu para duvidar?
Mas Eduardo tinha um problema a resolver logo. Quem seria seu sucessor? Havia vários nomes: o seu vice-governador João Lyra Neto, Fernando Bezerra Coelho, Maurício Rands, Tadeu Alencar, Milton Coelho, Danilo Cabral e ops…
Quando se falava em Danilo Cabral, Eduardo era taxativo: “Neste eu NÃO CONFIO!”, várias vezes externou isso. Tanto que Danilo foi rifado, em 2007, para o cargo de conselheiro do TCE, tendo Eduardo optado por Marcos Loreto, que, juntamente com Romário Dias, foi para a corte de contas; e de ser candidato a prefeito do Recife, em 2012, para o neófito em campanhas Geraldo Julio. Todos sabem que Eduardo escolheu, à época, Tadeu Alencar. Mas foi demovido por insurgências de todos os lados, e toda vez que vinham com nome de Danilo, ele travava logo! “NÃO CONFIO”.
Eduardo sempre mencionava o episódio em que seu avô, o ex-governador Miguel Arraes, havia indicado Germano Coelho para o mesmo TCE, e o então deputado Adalberto Farias (pai de Danilo) agiu pelas costas de Arraes, derrubou a indicação do governador e construiu sua própria indicação junto à Assembleia Legislativa de Pernambuco. Eis que, não conseguindo emplacar Tadeu Alencar como candidato, surge o nome de Paulo Câmara. O resultado todos já sabem.
Eduardo NÃO CONFIAVA em Danilo, e creio que quem tem um mínimo de inteligência da Frente Popular também não! Danilo já começou a esconder sua gestão na Secretaria das Cidades; já esconde Paulo Câmara e Geraldo Julio e se agarra a Lula, querendo para si a benção do ex-presidente. Está claro que a Frente Popular NÃO ACREDITA em Danilo, e NÃO CONFIA nele. Todos sabem bem que, como um mandacaru não faz sombra, Danilo não tem compromisso senão com ele próprio.
Espero com esse pequeno testemunho, do qual propositalmente omiti nomes e personagens, embora possa vir a revelar caso seja contraditado, explicar a diferencia política entre ACREDITAR e CONFIAR.