g1 – Um dos expoentes da polarização que opôs PT e PSDB por mais de uma década na política brasileira, Geraldo Alckmin antecipou, em maio, que “lula” cairia bem com “chuchu” a ponto de o “hit culinário” sair vitorioso nas eleições presidenciais deste domingo (30).
Com 98,81% das urnas apuradas às 19h57, a chapa Lula-Alckmin foi confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vitoriosa nas eleições de 2022 e seguirá à frente do Palácio do Planalto pelos próximos quatro anos.
A brincadeira, feita pelo próprio Alckmin durante o lançamento da pré-candidatura da chapa à Presidência da República, se refere ao apelido que o ex-governador de São Paulo sustenta – “picolé de chuchu” – e está relacionado ao suposto estilo “insosso” do político.
Após 33 anos no PSDB, Alckmin anunciou a filiação ao PSB em março deste ano, para se juntar à chapa do seu adversário nas eleições de 2006, Luiz Inácio Lula da Silva, com quem agora sobe ao Palácio do Planalto na condição de vice.
“O momento exige grandeza política, espírito público e união”, escreveu depois de confirmar a ida ao PSB, explorando a necessidade de se combater um inimigo em comum, o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Se colocar ao lado de um candidato do PT, partido contra o qual se opôs por tanto tempo, foi uma tentativa de atrair o voto das elites conservadoras de São Paulo, especialmente no interior do estado.
Alckmin visitou cidades da região antes do primeiro turno e, embora não tenha evitado a derrota de Lula nesses locais, contribuiu com declarações simpáticas ao agronegócio, setor de quem tem mais simpatia do que Lula.
O ex-governador de São Paulo também atuou para atrair o apoio de nomes de peso do seu antigo partido para Lula, como os da família de Franco Montoro (1916-1999), ex-governador de SP, uma das principais lideranças na luta pela redemocratização do país e um dos fundadores do PSDB.
No horário eleitoral, Alckmin reforçou ainda o comprometimento com a responsabilidade fiscal, competitividade e a necessidade de se firmar acordos internacionais. Ele também se colocou como exemplo de gestão ao citar os 14 anos em que governou São Paulo.
Agora, na vice-presidência, deverá ser um dos fiadores da aprovação da reforma tributária, além de atuar para fazer valer a “estabilidade, credibilidade e previsibilidade”, promessas propagadas durante a campanha.
Perfil
Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho, 69 anos, nasceu em Pindamonhangaba (SP), no Vale do Paraíba.
Formado em medicina pela Universidade de Taubaté (Unitau), com pós-graduação na área de Anestesiologia, Alckmin ingressou na política há 50 anos.
Seu primeiro mandato (1972-1976), como vereador pelo MDB em sua cidade natal, abriu o caminho de uma carreira política que ascendeu rapidamente.
Alckmin assumiu a presidência da Câmara dos Vereadores de Pindamonhangaba e foi eleito prefeito (1976-1982), o mais jovem da história da cidade.
Foi também deputado estadual (1983-1987) e deputado federal (1987-1995). Na Câmara dos Deputados, esteve ao lado de Lula como deputado constituinte.
Eleito para um novo mandato em 1991, pautou o mandato sobretudo por projetos ligados à saúde e à previdência, tendo integrado a Comissão de Ordem Social e a Subcomissão de Saúde, Seguridade e do Meio Ambiente.
Alckmin chegou ao cargo de vice-governador de São Paulo (1995-2001) já no PSDB, partido que ajudou a fundar em 1988 e se manteve filiado por 33 anos.
No Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, ganhou notoriedade ao comandar o estado por 14 anos (2001 a 2006 e 2011 a 2018). Ele se tornou o político que por mais tempo governou São Paulo desde a redemocratização.
Alckmin já disputou a presidência da República duas vezes. Em 2006, quando perdeu no 2º turno para o ex-presidente Lula, e em 2018, quando ficou na quarta colocação, atrás de Jair Bolsonaro, Fernando Haddad e Ciro Gomes.