Por Magno Martins – Os Estados Unidos esperam que o Brasil mantenha sua posição de seguir a Carta da ONU e condene, no Conselho de Segurança da organização, a invasão da Ucrânia pela Rússia, disseram ao blog do Valdo Cruz diplomatas brasileiros.
Segundo eles, o receio do governo norte-americano é que o presidente Jair Bolsonaro determine que o Brasil fique numa posição de neutralidade, o que iria contra a tradição brasileira de seguir o direito internacional.
Até agora, o presidente Bolsonaro evitou se posicionar oficialmente sobre a invasão russa. Preferiu criticar o vice-presidente Hamilton Mourão, que afirmou, ontem, que o Brasil condena a guerra russa contra a Ucrânia. Bolsonaro disse que é ele quem fala pelo país, não o seu vice. E falou basicamente da estratégia do governo para retirar brasileiros do país invadido pela Rússia.
Segundo assessores presidenciais, o governo está dividido neste momento. Bolsonaro e integrantes da ala ideológica não querem condenar a Rússia. Na semana passada, em viagem a Moscou, o presidente da República chegou a dizer que manifestava solidariedade ao colega da Rússia, Vladimir Putin. Bolsonaro só não disse, na ocasião, a que se referia essa solidariedade.
Essa posição desagrada aliados do presidente dentro do Congresso Nacional, diplomatas e uma ala do ministério. Para eles, o Brasil precisa manter sua posição tradicional de seguir a Carta das Nações Unidas, que condena um ato que viole a soberania e a integralidade territorial de um país.
O embaixador Ronaldo Costa Filho, representante do Brasil na ONU, por sinal, antes da invasão, disse durante reunião do Conselho de Segurança que o país condena a quebra do direito internacional e a invasão de um país por outro. Ontem, uma ala do Itamaraty defendia que isso ficasse mais explícito na nota divulgada sobre o conflito entre Rússia e a Ucrânia.