“Eu tinha um amigo que vinha e tinha um avião”, diz Lula sobre jatinho na viagem ao Egito para COP27

Por Agência O Globo –  presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) explicou, ontem, o uso do jatinho do empresário José Seripieri Filho, dono da operadora QSaúde, para ir à COP 27, no Egito. A viagem de Lula a bordo do jato do amigo e doador de sua campanha gerou polêmicas e críticas nas redes sociais entre opositores. Nos bastidores, alguns aliados de Lula também consideraram um “erro” o uso do avião particular. A declaração foi feita em Lisboa, após o petista se reunir com o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, após encontro com com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
“— Eu sabia que essa pergunta ia vir. Primeiro, fui convidado por um governador da Amazônia para ir à COP, mas o estado não podia arcar a minha viagem. Também fui convidado pelo presidente do Egito, que também não poderia pagar. E também tinha tinha um amigo, que vinha e tinha um avião. E o presidente eleito precisa ter cuidado com a segurança. É algo importante a segurança. O Estado é responsável, quem sabe ele teria me oferecido um avião para eu ir, mas não ofereceu.
Ex-dono da Qualicorp, Seripieri Filho foi um dos convidados do casamento de Lula com a socióloga Rosângela Silva, a Janja, em maio. Durante a campanha, o empresário declarou ter feito ao menos duas contribuições para ajudar a eleger o amigo. Na reta final do primeiro turno, foram R$ 660 mil doados ao PT, segundo prestação de contas enviadas ao Tribunal Superior Eleitoral. No segundo turno, depositou mais R$ 500 mil na conta do candidato – o segundo maior valor recebido pelo petista.
Seripieri Filho é amigo de Lula há pelo menos uma década. Após deixar a Presidência, em 2010, o petista costumava frequentar uma mansão de veraneio do empresário em Angra dos Reis, no litoral sul do Rio. O então ex-presidente chegou a passar um reveillon no local. Na mesma época, o empresário também costumava ceder um helicóptero e um jatinho para transporte do ex-presidente pelo país.
Seripieri foi preso junho de 2020 em uma Operação da PF que apurava supostos pagamentos ilícitos à campanha do senador José Serra. Ele foi solto quatro dias depois. Os investigadores apontaram indícios de que a Qualicorp tinha fraudado contratos para dissimular repasses à campanha, e o delegado responsável afirmou que o empresário montou uma ‘estrutura financeira e societária’ para ocultar a transferência do dinheiro da Justiça Eleitoral.