O ministro da Economia, Paulo Guedes, sugeriu nesta sexta-feira (12) que não foi informado pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a decisão de impedir que a Petrobras reajustasse em 5,7% o preço do diesel.
Após participar de uma reunião no FMI (Fundo Monetário Internacional), em Washington, o ministro foi questionado 13 vezes por jornalistas sobre sua possível participação na tomada de decisão do governo.
Inicialmente, disse que não sabia do que os repórteres estavam falando e, em seguida, ao ser perguntado diretamente se não havia sido informado pelo presidente sobre a interferência nos preços do combustível, respondeu: “É uma inferência razoável, aparentemente”.
Guedes deu as declarações caminhando apressadamente do prédio onde fica o FMI até o que abriga o Banco Mundial, na capital americana.
Disse que havia passado o dia em reuniões e que, por isso, não tinha nenhuma informação nem iria comentar o assunto.
Diante da insistência dos jornalistas, afirmou que tinha um “silêncio ensurdecedor” para oferecer sobre o tema mas, após pouco mais de um minuto, resolveu dizer que a inferência da repórter era razoável.
A companhia perdeu R$ 32 bilhões em valor de mercado após a intervenção e Bolsonaro convocou reunião de ministros e técnicos para discutir os preços da estatal.
Formado na Universidade de Chicago, notabilizada por sua tradição econômica liberal, Guedes é a favor da política de livre mercado, com menor intervenção possível.
Abaixo, a conversa de Guedes com jornalistas em Washington.
PERGUNTA – O sr. pode falar sobre o diesel?
PAULO GUEDES – Eu não sei nem do que vocês estão falando.
P. – O sr. foi consultado pelo presidente?
PG – Estou trabalhando o dia inteiro aí.
P. – Mas está em todas as manchetes, ministro.
[silêncio]
P. – O que o sr. está dizendo para os investidores?
[silêncio]
P. – O sr. sabia que o presidente ia pedir para segurar o aumento do diesel?
[silêncio]
P. – A gente só queria saber se o presidente Bolsonaro consultou o sr.
PG – Eu passei o dia inteiro trabalhando. Não tenho informação suficiente.
P. – Mas então o sr. não foi consultado.
[silêncio]
P. Se o sr. não tem informação.
PG – Eu tenho um silêncio ensurdecedor para os senhores.
P. – O sr. não foi consultado, ministro?
PG – Um silêncio ensurdecedor sobre o assunto.
P. – O sr. não quer comentar sobre o assunto?
PG. – Perfeitamente.
P. – Não vai comentar, é isso?
PG – Eu tinha combinado que ia conversar com vocês sobre o andamento do dia aqui, mas aí aconteceu alguma coisa lá que eu vou ter que me informar, porque eu passei o dia na sala.
P. – Então o sr. não foi informado sobre a interferência no preço da Petrobras, do diesel da Petrobras?
PG – É uma inferência razoável aparentemente.
P. – O sr. não pode falar 3 minutos com a gente?
PG – Não.
(Folha de Pernambuco)