“Eu estarei no segundo turno”, diz Miguel Coelho em entrevista ao Diario

Por: Filipe Assis / João Victor Paiva/Diário de Pernambuco – Prefeito de Petrolina por dois mandatos, Miguel Coelho deixou o cargo no final de março para se candidatar ao Governo de Pernambuco. Filho e irmão de políticos, o pré-candidato do União Brasil utiliza sua gestão à frente da cidade que conta com a 5ª maior população do estado como vitrine na corrida pelo Palácio do Campo das Princesas. Concorrendo ao cargo pela primeira vez, Miguel acredita que crescerá nas pesquisas com o auxílio do volumoso tempo de inserção partidária que terá na TV e no rádio e chegará ao segundo turno da disputa. Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o pré-candidato comentou a possibilidade de se unir a Raquel Lyra (PSDB), com quem chegou a ter conversas nesse sentido; sobre a vaga ao Senado ainda aberta em sua chapa; a busca pelo apoio dos presidenciáveis no estado; o legado do PSB nos 16 anos à frente do executivo estadual; assim como o papel do pai, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), na sua campanha; além de expor suas propostas em áreas como saúde e urbanização.
ENTREVISTA – Miguel Coelho // pré-candidato ao governo
RAQUEL LYRA
Dá [para compor uma chapa conjunta]? Dá.; Tanto que a gente não preencheu a vaga do Senado ainda. Se ela quiser, aí a gente recebe de braços abertos. É porque a política também… Você não vai ganhar a eleição faltando 80 dias, que é o que falta aí pro dia 2 de outubro, tem todo um trabalho a ser apresentado. Pporque se for por essa premissa de pesquisa hoje, é melhor o PSB desistir. Se fosse por pesquisa, Marília [Arraes] era prefeita do Recife. Então, isso comprova que [o decisivo] não é o momento pré, mas o durante a campanha [que importa] e como esse cenário vai se consolidar. Você precisa de tempo de televisão. Danilo vai ter o maior, óbvio, é natural por conta da Frente Popular, mas depois é a gente. A gente vai ter metade de Danilo, e o dobro de Marília. Se for olhar Anderson e Raquel, a gente vai ter quatro vezes mais do que eles. Então, isso faz a diferença na televisão e no rádio, e isso só vai começar final de agosto, dia 26, que é quando começa a campanha de TV. Não tem porque a gente abrir mão da nossa candidatura porque ela é a que está mais consolidada no campo da oposição.
SENADO
Acho que até a semana do dia 25 [está definido o nome que vai concorrer ao Senado na chapa]. Eu até brinco que a gente não pode anunciar no dia porque tem que rodar o material antes, então a gente precisa fazer essa definição, eu acho que até a semana do dia 24, 25 isso vai estar encerrado. A gente tem alguns nomes que estão sendo considerados, mas também não adianta antecipar até para não fechar uma porta, porque se a gente tomar essa decisão agora, aí sim, você não consegue voltar atrás, então eu acho que é bom usar o tempo a nosso favor.
MENDONÇA FILHO
[Pode ser candidato ao Senado na chapa] ou não, né? Ele é o mais conhecido – se você colocar por pesquisa, sem dúvida, por recall, por ter disputado também, por ter sido ministro, governador, enfim, por toda história e biografia. Mas não só Mendonça, tem outros nomes que preenchem os requisitos e atributos para ser [candidato]. Pode ser uma mulher também, pode não ser.
NACIONALIZAÇÃO
Eu acho que a nacionalização do debate é natural, até porque você precisa ter sinergia de um projeto com o outro. O que eu sou contra, e vou continuar batendo nisso, é ter governador dependente de quem quer que seja. A gente não pode ter um governador refém ou que não seja protagonista. Governdor, por si só, o cargo já impõe isso, precisa ser uma pessoa que tenha liderança, que tenha competência, tenha articulação política. Então, não é por questões ideológicas, é por competência e capacidade de saber fazer a política correta, o que claramente o atual governador não sabe fazer, muito menos o seu grupo político. E também porque eu acho que diminui muito [o debate] esses pré-candidatos estarem preocupados quem beija uma mão ou quem tira uma foto com quem quer que seja; isso só mostra que não têm o tamanho nem a grandeza para ser governador de Pernambuco.
UNIDADE
Querer prever como vai ser os próximos 80 dias, não tem como a gente prever isso, até porque o cenário está totalmente em aberto, ninguém sabe se vai Marília [Arraes], se vai Danilo [Cabral], se vou, se vai Raquel, se vai Anderson [Ferreira], se vai Wellington [Carneiro], qualquer um. Nós temos nove candidatos a governador aqui em Pernambuco num cenário que ainda está totalmente disposto aí a pender para qualquer lado. Não vejo como salutar a gente tentar antecipar isso, até porque eu estarei no segundo turno, então quero contar com o apoio dos outros que não estarão.
CODEVASF
A gente tem que saber distinguir que ter dinheiro não é receita para ter sucesso. Paulo pegou aí mais de R$ 4 bilhões no caixa e é o governador mais rejeitado da história de Pernambuco. O critério é saber se tem competência para saber o que fazer com o dinheiro, como aplicar e em que aplicar, até para que possa dar o melhor resultado para a população. Se eu pudesse, eu teria pego mais dinheiro do governo federal. Fui prefeito com [Michel] Temer presidente, fui prefeito com Bolsonaro presidente, dois governos de metodologias totalmente distintas, e conseguimos manter as parcerias com Brasília. Quem ficar com essa ideologia, essa babaquice de dizer que não conversa com Brasília, vai se lascar porque não vai conseguir fazer os investimentos necessários. E não foi só para Petrolina que chegou dinheiro do governo federal. Recife recebeu, Caruaru recebeu, Jaboatão recebeu. Se eles não conseguiram transformar isso em resultado para sua gente, não sou eu que tenho que responder o porquê disso.
ADVERSÁRIO IDEAL
Na política não se escolhe adversário; tem que vencer o adversário, então quer que for não vai estar animado de me enfrentar. Eu sei que três vão boiar, porque vai estar eu e mais alguém, então…
PSB
Existia um PSB com Eduardo [Campos]. Depois da morte de Eduardo, o PSB ficou acéfalo, ficou sem liderança, sem uma identidade própria. Acho que isso reflete uma fadiga de liderança, que terminou dando esse resultado da saída de Raquel, depois, da nossa, da própria Marília, que foi para o PT; isso é um retrato do cansaço e da falta de posicionamento, de identidade que o PSB tinha e deixou de ter, e que vai se esgotar agora, porque essa eleição com certeza o PSB não ganha.
FILHO DE PEIXE…
O senador [Fernando Bezerra Coelho] tem 40 anos já de vida pública, com mandato ou sem mandato, e acho que ele já deu (e dá) uma contribuição gigante. Ele tá coordenando nossa campanha, toda parte política é ele que termina fazendo essa coordenação geral junto com os prefeitos, candidatos, com a gente, então tem um peso importante. O senador, nesses quase 8 anos de mandato que ele tem, mandou dinheiro para todo mundo. Vocês ficam dizendo “ah, só foi para Petrolina”, mas até Geraldo Julio recebeu [emendas parlamentares]. João [Campos] recebeu, Raquel recebeu, Anderson recebeu, e a gente sabia que podiam ser eventuais candidatos contra a gente, mas mesmo assim ele cumpriu com seu papel estadista de olhar para Pernambuco, e não olhar só para um projeto político, então sem dúvida o senador tem um peso e terá uma relevância, não só como pai de governador, mas como conselheiro.
SAÚDE
Acho que o termo não é interiorizar, é descentralizar. Saúde, ainda mais na tríade do SUS, a gente precisa pensar ela em três fases: na básica, que é responsabilidade do município, mas que o estado tem que ajudar; na média e na alta complexidade, Pernambuco já tem seus hospitais de referência, que a grande parte está sucateada e velha, porque passaram 8 anos sem sofrer nenhum tipo de investimento – então, é no mínimo suspeito um governo que não conseguiu reformar uma ala de qualquer um desses hospitais, agora o candidato aparecer dizendo que vai construir um hospital novo; chega a ser cômico se não fosse trágico. Nossa proposta é, antes da gente construir os 5 novos hospitais que a gente quer, a gente reformar e ampliar esses principais: Agamenon Magalhães, Barão de Lucena, Oswaldo Cruz, Getúlio Vargas, Restauração e também o Regional do Nordeste, que fica em Caruaru e também está numa situação ruim).
MORROS
Desde que a gente começou a falar do plano de governo a gente falava da macrodrenagem na região do Recife. Isso afeta muito, porque a macrodrenagem é para onde a chuva vai quando ela chega, porque a água não fica no morro, ela desce, mas ela precisa ter um escoamento para acontecer, e isso não foi feito no Recife e na Região Metropolitana, como também não foi feito na Zona da Mata, porque a chuva na Zona da Mata deu de novo lá na Mata Norte e na Mata Sul, e cadê as barragens que foram prometidas a 10 anos atrás? Eram 5; só fizeram Cerro Azul, as outras 4 não fizeram. Mesma coisa na Mata Norte, que não teve as barragens para captar a água. No nosso plano de governo a gente colocou os investimentos em macrodrenagem da Região Metropolitana, como também das barragens para garantir acesso aos recursos hídricos. O Recife, só para fazer a macrodrenagem para resolver o problema dos morros, é, no mínimo, R$ 1,5 bilhão, e aí o prefeito vim dizer que vai tirar o São João com 15 milhões e isso vai resolver, é piada de mau gosto. Jaboatão tem obra que soma R$ 500 milhões para você fazer macrodrenagem. A gente precisa ser mais transparente nos problemas que tem, como também no diagnóstico e, principalmente, nos encaminhamentos de solução, porque se ficar nesse tapinha nas costas de só falar e achar que lona resolve tudo, não resolve.