Por Pedro Alves, do g1 PE – Uma estudante de Limoeiro, município do Agreste de Pernambuco, tirou nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2021. Nesta quinta-feira (10), Daiane Souza, de 20 anos, disse que não esperava a nota mil e que, por causa do nervosismo, achou que não tinha ido bem na prova. “Era umas 23h quando eu vim saber. De ontem para hoje, tem sido uma coisa bem explosiva. Muita gente mandando parabéns, pedindo para me seguir [no Instagram]. Foi bem marcante, estou sem acreditar até agora”, disse.
O pai de Daiane morreu quando ela era recém-nascida e a mãe ficou sem trabalhar para cuidar da irmã dela, que tem autismo. Com isso, a jovem mora com os avós no bairro da Cohab. A família vive com um salário mínimo da aposentadoria do avô.
O sonho dela é cursar medicina e as únicas alternativas para são universidades públicas ou bolsas em faculdades particulares. Daiane, inclusive, cursou todo o ensino médio como bolsista de um colégio, em Limoeiro.
Em 2021, a estudante ganhou uma bolsa integral em medicina numa faculdade particular, por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni). No entanto, a faculdade fica na Bahia. Sem dinheiro para se manter no estado, ela teve que deixar a oportunidade passar.
No mesmo ano, ela obteve a nota de corte da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e chegou a ser chamada nos remanejamentos, mas, por ter passado no Prouni, não podia se matricular.
“Eu fiquei muito nervosa. Foi na trave, perdi duas oportunidades. Isso fez com que eu não dormisse nos dias antes e ficasse muito nervosa no dia da prova. Por isso, minhas notas não foram tão satisfatórias quanto eu gostaria. Mas o mil na redação me faz pensar que tenho potencial, que tenho chances de passar numa federal ou na UPE [Universidade de Pernambuco]”, afirmou.
Preparação
Daiane corrigia redações para pagar o curso que fazia na preparação do Enem. Em meio à pandemia, toda a preparação para a prova foi feita em cursos pela internet, para tentar passar para medicina, que ela sonha fazer desde que tinha 13 anos. Em 2021, a nota já tinha sido boa: 980.
“É difícil estar nesse processo de vestibular, mas é o preço que você paga por um sonho, é um investimento. Desde pequena eu queria ser médica, e comecei a ir atrás com uns 13 anos. Sempre fui muito dedicada para aprender, sempre estudei redação. Também sou boa em matemática, mas redação é meu ponto forte”, contou.
Agora, a estudante pretende trabalhar não somente na preparação para as provas, mas na própria saúde mental. “Preciso trabalhar no meu emocional, acreditar mais em mim. Foram duas oportunidades que eu perdi e isso me deixou muito abalada. Você se cobra muito, fica com aquela tensão. Sei que tenho potencial. Controlando meu emocional, estudando mais um pouco e trabalhando o tempo de prova, tenho muitas chances de passar numa universidade pública”, declarou.