Blog Mário Flávio – A decisão do ex-presidente dos Estados Unidos e atual pré-candidato republicano Donald Trump de impor tarifas a produtos brasileiros como forma de apoiar Jair Bolsonaro (PL) gerou forte reação de entidades ligadas ao setor produtivo nacional — muitas delas tradicionalmente alinhadas à agenda econômica defendida pelo próprio ex-presidente brasileiro.
A medida, anunciada como um gesto político em defesa de Bolsonaro, provocou preocupações imediatas sobre seus impactos na competitividade das empresas brasileiras e, principalmente, sobre os empregos gerados por elas.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) criticou diretamente a taxação, afirmando que o aumento das tarifas atrapalha o comércio internacional e afeta negativamente o setor produtivo. A entidade defendeu que disputas geopolíticas não devem se transformar em barreiras ao abastecimento global.
Já a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), uma das principais bases de apoio de Bolsonaro no Congresso, alertou que as medidas de Trump podem afetar o câmbio, encarecer insumos importados e reduzir a competitividade das exportações brasileiras. Segundo a FPA, a diplomacia deve prevalecer como o caminho mais estratégico para resolver impasses comerciais.
A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos (CitrusBR) também criticou a sobretaxa, classificando a medida como “péssima para o setor como um todo”. A entidade lembrou que os próprios americanos podem sair prejudicados, já que há décadas têm no Brasil seu principal fornecedor externo de suco de laranja.
A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) afirmou que as empresas brasileiras atingidas pela medida são responsáveis por produtos de alta complexidade e empregam mão de obra qualificada, o que agrava o impacto das tarifas no setor industrial.
Em nota contundente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que não há nenhum fato econômico que justifique uma ação tão drástica. A entidade destacou que a indústria brasileira é altamente interligada à americana, e uma quebra nessa relação comercial pode gerar sérios prejuízos para a economia nacional. A CNI ainda frisou que, ao contrário do que Trump sugeriu, os Estados Unidos mantêm superávit nas relações comerciais com o Brasil há mais de 15 anos.
O episódio expõe o risco de decisões políticas interferirem em cadeias produtivas consolidadas, além de colocar em xeque o equilíbrio nas relações comerciais entre os dois países — mesmo entre aliados ideológicos.