Não sei se a vida se recicla. Não, talvez não. Mesmo se após um tempo de reflexão decidimos mudar nossa vida, seremos sempre nós mesmos no fim. Mudados, mas nós. Com todas as marcas e cicatrizes para que não nos esqueçamos do que fomos.
Sabemos que jamais poderemos recolar os pedaços das coisas vividas e construir novas. Colchas de retalhos são muito bonitas, mas não passam de colchas de retalhos. Remenda-se panos, recola-se papel ou vidro, mas não se remenda vidas, não se recola momentos passados, coisas que deixamos pra trás.
Recomeçar? Sim. Recomeçar é possível, mesmo (e felizmente!) se já não somos os mesmos. Aprendemos, à custa de dor, mas aprendemos. Não cometeremos duas vezes os mesmos erros, não beberemos a mesma água.
Durante anos vivemos como se não tivéssemos outras alternativas. A vida é assim, é o destino. Mas nosso destino, nós fazemos. Nossas prioridades, escolhemos e aprendemos a viver com elas. E só depois, mais tarde, é que nos questionamos sobre o fundamento das nossas escolhas. Há pessoas que acham que é tarde demais para mudar e continuam na mesma linha, mesmo se conscientes de que talvez esse não tenha sido o melhor caminho. Homens e mulheres que se mataram a vida toda para ganhar dinheiro terminam muitas vezes a vida sozinhos, cheios de dinheiro, vazios de amor.