Um mês depois do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Pedro Gomes, a equipe da Polícia Civil que apura o crime aposta suas fichas em um trabalho de comparação de digitais. Vestígios encontrados numa das balas usadas no duplo homicídio serão confrontados com marcas dos dedos de dois homens mortos esta semana. Ambos eram suspeitos de ligação com grupos criminosos da Zona Oeste. Investigadores suspeitam que houve uma “queima de arquivo”.
No último domingo, o líder comunitário Carlos Alexandre Pereira Maria, o Alexandre Cabeça, de 37 anos, foi executado com vários tiros dentro de um carro na localidade da Boiúna, na Taquara. Ele era colaborador de Marcello Siciliano (PHS), um dos vereadores chamados pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil para prestarem depoimentos sobre Marielle. No boletim da ocorrência feito pela PM, consta que Alexandre Cabeça era conhecido como chefe da milícia da comunidade Lote Mil.
Além de Alexandre Cabeça, o subtenente reformado da PM Anderson Cláudio da Silva, de 48 anos, executado terça-feira à noite no Recreio, terá as digitais comparadas com a encontrada na bala usada no ataque que resultou na morte da vereadora e de seu motorista. Ele foi atingido por dezenas de tiros de pistolas e fuzis no momento em que entrava em seu carro, um BMW blindado, na Praça Miguel Osório. A polícia suspeita que ele tinha envolvimento com a contravenção.
— Os homicídios de Marielle e Anderson estão tendo uma investigação criteriosa, pois se trata de um caso complexo, e a cada dia a Polícia Civil avança. A sociedade pode confiar de que terá uma resposta — disse o chefe da Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa.
PERÍCIA: ASSASSINO SERIA CANHOTO
A Polícia Civil recebeu ontem o laudo da Polícia Federal que replica a digital encontrada no projétil. Marielle e Anderson Pedro Gomes foram mortos na esquina das ruas João Paulo I e Joaquim Palhares, no Estácio. Segundo um perito, pela dinâmica da abordagem — o carro das vítimas, um Ágile, foi atingido no lado direito por disparos feitos de um Cobalt prata —, o assassino deve ser canhoto. O bandido teve pontaria para, num ângulo diagonal, no banco traseiro de um veículo em movimento, atingir uma sequência de quatro tiros na cabeça da vereadora. O laudo cadavérico indica que as balas percorreram uma trajetória de baixo para cima. Uma testemunha ouvida pelo GLOBO disse que o atirador era negro e tinha um braço musculoso.