Nas últimas semanas, o ritmo de transmissão do coronavírus, causador da Covid-19, voltou a ascender em Pernambuco com uma velocidade tão expressiva que colocou o Estado na pior situação já vivida desde o início deste ano.
Na realidade, desde, pelo menos, agosto de 2020 – como não havia testagem ampla nos primeiros meses da pandemia, não há como ter exatidão na comparação com o mesmo período do ano passado.
Pernambuco soma 500.821 casos oficialmente diagnosticados desde o início da pandemia, em março de 2020, até aqui. E, no momento, 69.409 deles são casos ativos (pessoas que estão com a doença em curso na ocasião). Há um mês, no dia 7 de maio, esse quantitativo era de 48.478 pacientes.
Nesta segunda-feira (7), a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) notificou mais 1.249 casos positivos da Covid-19, um quantitativo inferior à média dos últimos dias, acima de 3 mil novos casos diários.
Só sobe Após a chegada do coronavírus Sars-CoV-2 a Pernambuco, em março do ano passado, o Estado viveu meses de aceleração exponencial, sucedidos por um período de platô e, na sequência, uma queda na transmissão.
É tanto que, entre os meses de agosto e novembro, o sistema de saúde conseguiu ter uma margem de segurança para trabalhar, a ponto de serem desmobilizados hospitais de campanha.
A partir da segunda quinzena de novembro, contudo, os casos ativos voltaram a caminhar no sentido de subida, antes mesmo da chegada de novas variantes de interesse, como a P.1.
Em 10 de novembro, eram 9.380 pacientes com a doença em curso. Em 8 de janeiro, esse grupo já estava em 23.455. Um mês depois, em 29.228. E, em 9 de março, em 32.341.
A escalada era notória, mas se tornou ainda mais impactante a partir de abril, quando os casos ativos chegaram a 40 mil. A partir de maio, o salto foi ainda maior.
A consequência disso é que, com mais gente portando o vírus, maior será a disseminação dele. Maior, também, será a fração de pacientes que irá desenvolver sintomas mais graves, sobrecarregando os hospitais e exigindo mais mão de obra profissional.
Em 8 de janeiro, o secretário estadual de Saúde, André Longo, citava, em tom de alerta, que quase mil pessoas lutavam pela vida em leitos de UTI para pacientes com Covid-19 no Estado. Nesta segunda, cinco meses depois, são mais de dois mil internados em terapia intensiva.
Somente em 2021, foram abertas 827 novas vagas de UTI para pacientes com quadros suspeitos ou confirmados da Covid-19 na rede pública. A taxa de ocupação, porém, só cresceu, a ponto de formar fila de espera por leito.
O desequilíbrio entre a estrutura para assistência, seja no setor público ou privado, com a demanda cada vez maior de pacientes faz com que muitos não tenham acesso a um tratamento adequado. E, sem um tratamento adequado, as chances de vencer a batalha diminuem.