O cidadão, que paga impostos, quer serviços públicos de qualidade. Mas reclamações vão de Norte a Sul do país. No Rio, a falta de segurança tira o sono do carioca. Em Picos, no Piauí, faltam vagas na única emergência da cidade.
Entre o cidadão e o funcionário que presta o serviço estão os administradores: municípios, estados e governo federal que, juntos, têm 11,4 milhões de postos de trabalho.
Nas últimas três décadas, o funcionalismo público no país mais do que dobrou. O setor privado cresceu menos. Só em 2017 foram gastos quase R$ 751 bilhões com funcionalismo público.
Como estão distribuídos esses servidores e onde houve o maior aumento? A resposta chama a atenção. Apenas um em cada grupo de dez funcionários está na esfera federal. O crescimento está concentrado nos municípios, que têm seis entre dez servidores públicos do país.
Em 1986, as prefeituras tinham 1,7 milhão de servidores. Em 2017, 6,5 milhões, um aumento de 276%.
“Esse é um mandamento constitucional, por exemplo, universalizar acesso à saúde, acesso à educação, uma série de políticas de assistência social, criação de novas políticas como políticas ambientais”, disse Felix Lopes, pesquisador do Ipea.
O salário médio no setor público é de R$ 4.200. Houve crescimento real de 23% em três décadas. No setor privado, esse valor até caiu um pouco, de R$ 2.500 para R$ 2.400.
No Executivo estão as remunerações mais baixas; no Legislativo, elas já dão um salto; e, no topo, estão os salários do Judiciário.
O levantamento do Ipea pesquisou as remunerações até o teto constitucional, R$ 35 mil. Os extras e gratificações que formam os supersalários não entraram.
“Eu acho que a gente precisa fazer avaliação e melhorar a qualidade do gasto público para avaliar a necessidade de reduzir ou não a quantidade de pessoal. A gente precisa gastar melhor, a gente precisa melhorar a eficiência e a qualidade desse gasto público”, afirmou a pesquisadora da FGV Ibre Vilma da Conceição Pinto.