A manutenção de níveis elevados de desemprego e a criação de vagas com baixa remuneração refletem o marasmo de uma economia hesitante. As crises políticas que paralisaram o governo Michel Temer e a incerteza sobre o receituário que emergirá das urnas em outubro adiaram investimentos que poderiam consolidar o ciclo de recuperação de renda e de vagas de trabalho.
A trajetória vacilante das taxas de emprego será ponto central da eleição. Do eclético rol de presidenciáveis que se apresentaram até agora, emergem mais dúvidas do que indícios claros sobre a política econômica que estará em vigor em janeiro de 2019, com impacto sobre o trabalho e o rendimento dos eleitores.
Qual será a política de valorização do salário mínimo de Jair Bolsonaro (PSL)? Ciro Gomes (PDT) revogará a reforma trabalhista? Joaquim Barbosa (PSB) conquistará a confiança de setores que geram empregos? Geraldo Alckmin (PSDB) ampliará investimentos para recuperar contratações na construção civil?
As plataformas do futuro presidente serão determinantes, uma vez que a tímida retomada da economia durante o governo Temer não produziu números expressivos de abertura de vagas de trabalho.
O crescimento se escorou nas atividades do agronegócio e da exportação (que tradicionalmente empregam pouco), no consumo turbinado pela liberação do FGTS e na capacidade ociosa da indústria. As taxas de desocupação continuaram altas.
O debate sobre a geração de empregos alterou o curso da disputa presidencial de 2016 nos Estados Unidos. Na ocasião, a economia americana estava em crescimento, mas Donald Trump seduziu uma fatia do eleitorado insatisfeita com a depressão do mercado de trabalho ao prometer revigorar a indústria pesada.
As circunstâncias são diferentes no Brasil, mas a estagnação dos níveis de emprego mantém hoje um contingente de 13,7 milhões de pessoas sem trabalho. Muitos deles votarão em outubro e vão querer saber o que será feito por eles.