A deputada federal Renata Abreu herdou do pai e do tio o comando de um partido nanico, o PTN, e o transformou no Podemos. Hoje a legenda reúne a terceira maior bancada do Senado, está lançando Sergio Moro como candidato a presidente em 2022 e deve receber uma cota de cerca de R$ 200 milhões do fundo eleitoral para gastar na campanha.
Entrevistada do episódio 32 do podcast “A Malu tá ON”, Renata vê vantagens na manutenção de candidaturas como a de Ciro Gomes (PDT) – “ajuda a dividir o outro espectro, o da esquerda”. Mas está certa de que, na disputa pelo eleitor de centro e de centro-direita para compor a chamada terceira via, sua aposta no ex-juiz da Lava Jato vai prevalecer.
UNIÃO NA TERCEIRA VIA – “Se algum dos candidatos não contribuir para que tenha uma união e a ‘melhor via’ possa de fato ir para o segundo turno, vai ter uma pressão popular para que essa união aconteça.”
E ela ainda desafia: “Se tivesse algum outro candidato que pontuasse muito melhor do que o Moro, ou que ele por alguma razão despencasse nas pesquisas, ele não teria problema em contribuir. Agora sinceramente, eu não vejo possibilidade de isso acontecer, e aí os outros terão que ter esse desprendimento também”.
Na conversa com Malu Gaspar, a deputada ecoou o discurso de campanha de Moro e afirmou que Bolsonaro não tem liderança e nem pulso firme. E mesmo considerando que seu partido votou com o governo em 88% de suas pautas no Congresso – o Podemos foi a favor do voto impresso e da reforma da Previdência, mas refugou a reforma tributária – ela não vê risco de a candidatura Moro ser compreendida como um “bolsonarismo cheiroso”.
QUESTÃO DE COERÊNCIA – Segundo a presidente do Podemos, os apoios dos parlamentares do partido a pautas do governo foram por questão de coerência. “Oposição a qualquer preço eu acho uma irresponsabilidade”, justifica.
Aos 39 anos, Renata Abreu tem projeção e discurso de cacique tradicional. Mas conta que nunca gostou de política, e só decidiu assumir o comando do partido quando o pai se afastou em razão do Mal de Alzheimer. “Você ser filha de político gera alguns traumas, porque você sente muito a ausência dos pais. Mas eu encarei isso como missão”, completa.