Historicamente as eleições para senador são as mais suscetíveis a reviravoltas na reta final das disputas, uma vez que em Pernambuco mais especificamente, elas dependem fortemente da conjuntura da disputa de governador. Apesar da importância do Senado, o cargo é visto como algo pouco relevante para o eleitor, que deixa sempre para a última hora a definição e por isso tivemos mudanças históricas em Pernambuco.
Na eleição de 1986 quando Miguel Arraes e José Mucio se enfrentaram pelo governo de Pernambuco, Roberto Magalhães que tinha sido governador e disputou o Senado liderava todas as pesquisas e até a véspera da eleição era tido como favorito absoluto para chegar ao cargo. Naquela ocasião eram duas vagas em disputa, com José Mucio, Roberto Magalhães e Margarida Cantarelli numa chapa do PFL e Miguel Arraes, Antonio Farias e Mansueto de Lavor na outra do PMDB.
Quando as urnas foram abertas, Roberto Magalhães perdeu por uma diferença de menos de 200 mil votos para Antonio Farias, segundo colocado, e de mais de 260 mil votos para Mansueto de Lavor que acabou ficando na primeira colocação. Roberto foi dormir senador mais votado e acordou derrotado na terceira colocação.
Em 2002 novamente na disputa de dois senadores, Jarbas Vasconcelos tentando a reeleição lançou Marco Maciel, então vice-presidente da República, e Sergio Guerra, então deputado federal e recém-ingresso na sua coligação, pois em 1998 estava aliado a Miguel Arraes. Carlos Wilson, que era senador eleito em 1994 derrotando Armando Monteiro Filho, chegou na semana da eleição como favorito a conquistar novamente o cargo, mas quando as urnas foram abertas Jarbas, Marco Maciel e Sergio Guerra acabaram levando a fatura. Sergio que estava atrás nas pesquisas chegou ao Senado Federal derrotando o favorito Carlos Wilson.
Na disputa de 2010 novamente com duas vagas de senador em disputa, Armando Monteiro e Humberto Costa foram puxados pela força de Eduardo Campos, reeleito com mais de 80% dos votos válidos, porém houve uma reviravolta na reta final, quando Armando acabou ficando em primeiro lugar desbancando o favorito Humberto Costa, que também foi eleito.
Na última eleição, as pesquisas apontavam favoritismo de João Paulo, que liderou de ponta a ponta a disputa pelo Senado, inclusive pesquisas da véspera da eleição chegaram a cravar uma vitória do então petista. Porém, ao abrir as urnas, Fernando Bezerra Coelho teve seu voto praticamente casado com Paulo Câmara, que obteve 68% dos válidos, e ele 64%. De acordo com levantamento para consumo interno de um partido, que 60% dos eleitores admitem mudar o voto de senador até o dia da eleição, o que leva a crer que de Jarbas Vasconcelos, primeiro colocado, a Bruno Araújo, quarto colocado, todos têm chance de chegar as duas vagas em disputa para a Câmara Alta.
É possível afirmar que se a eleição for decidida no próximo dia 7 para governador as chances de serem arrastados os dois da mesma coligação são elevadas. Caso haja segundo turno, também é possível que o primeiro colocado para governador leve um senador da sua chapa e tenha grandes chances de garantir o segundo por conta do voto casado pelo Senado. (Edmar Lyra)