Liderando as pesquisas em 14 estados e no Distrito Federal, Jair Bolsonaro já é o maior fenômeno político dessas eleições. Muito superior a Fernando Haddad, que tem um padrinho político forte, Lula, que lhe está transferindo a maioria dos votos que teria, especialmente no Nordeste, onde lidera em sete dos nove estados. Bolsonaro não tem padrinho político. Ocupou o espaço do antipetismo, que estava destinado a Geraldo Alckmin. No entanto, o PSDB nivelou-se ao PT no escândalo da Lava Jato, empatando o jogo na questão ética. Bolsonaro tem também seu déficit moral, conforme revela a revista “Veja” desta semana. Mas seus eleitores estão pouco se lixando para essas denúncias. Para esses, pouco importa que Bolsonaro seja fascista, que revele desprezo pelas mulheres, pelos negros, pelos índios e pelos homossexuais.
Que tenha como ídolo político um torturador (Carlos Alberto Brilhante Ustra) e que tenha convidado para sua assessoria econômica um economista ultraliberal, que defende a privatização do Banco do Brasil, da Caixa, da Petrobrás, da Eletrobrás e de todas as outras empresas do estado brasileiro. Eleitor de Bolsonaro entende que o Brasil chegou ao fundo do poço em matéria fiscal, moral e ética, e que somente o capitão poderá salvá-lo. Collor, quando se candidatou em 1989, também passava essa mesma impressão. E até poderia ter sido um bom presidente se não tivesse afrontado o Congresso e entregue os negócios do governo a PC Farias. Bolsonaro não tem o preparo intelectual do hoje senador alagoano. Mas conseguiu convencer três em cada grupo de 10 brasileiros de que colocar o “17” do PSL no carro ou na lapela dá charme por ele ser o “candidato da moda”, e assim vai garantindo a ida ao segundo turno junto com Haddad. Ele é o “Collor” de 89 e Haddad é o “Lula”, sendo que naquela eleição o PT foi derrotado. (Inaldo Sampaio)