Da Veja – Por Lucas Costa
Em uma semana marcada por tensões e incerteza política na América Latina, o dólar comercial voltou a subir ontem, 14, e fechou no segundo maior valor da história. A moeda teve ligeira alta de 0,16%, mas o suficiente para atingir 4,1934 reais para a venda e se tornar o segundo maior valor desde o início do Plano Real. O recorde ainda é de 4,1957 reais, de 13 de setembro de 2018. A escalada da moeda foi influenciada principalmente pela insegurança econômica no Chile e indicadores aquém do esperado da China e da Alemanha.
Na América Latina, os protestos no Chile deixaram o mercado em movimento de aversão a risco, o que afastou os investimentos na região. A moeda chilena teve forte depreciação mesmo depois de o banco central local anunciar medidas para segurar o peso em declínio. “Os conflitos ocorridos no Chile e a instabilidade econômica no país acabaram contaminando diversas moedas sul-americanas, inclusive o real. Além disso, os investidores estão em cautela com o feriado no Brasil, pois os mercados globais estarão ligados nos eventos, mas nós estaremos desligados. Por isso, houve a alta do dólar”, afirma Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae Asset.
Internacionalmente, foram divulgados indicadores econômicos decepcionantes. O crescimento da produção industrial da China desacelerou significativamente mais do que o esperado em outubro, enquanto na Europa a na Alemanha evitou apenas por pouco uma recessão. Ademais, o clima é de incerteza acerca das negociações entre chineses e americanos sobre a guerra comercial. Esse pano de fundo pressionou as divisas de risco pelo mundo. O dólar australiano recuava 1%, enquanto o peso colombiano perdia 0,7%. Já o iene japonês, considerado ativo seguro, ganhava 0,2%.
Já o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, encerrou esta quinta-feira com leve alta de 0,5%, aos 106.556 pontos. Os balanços trimestrais ditaram o ritmo dos negócios e os papéis de Petrobras impediram um avanço maior. O mercado foi influenciado pela notícia de que a agência de classificação de risco Fitch reafirmou a nota de crédito soberano do Brasil em “BB-“, com perspectiva estável, e ponderou que uma melhora segue limitada por fatores como elevado endividamento público, rígida estrutura fiscal e um Congresso “fragmentado”.